quarta-feira, 13 de outubro de 2010

opção eleitoral pró-Serra

Texto de e-mail aos companheiros da cultura brasileira ( em 13/Out/2010)

Caros amigos
Dentro do espírito de companheirismo que sempre marcou minha atuação política pela cultura, peço que leiam esse texto.
Não é segredo que tenho apoiado a candidatura Serra para Presidente.
Seria longo demais explicar a origem histórica desse apoio, desde antes de 64, quando fui colega e companheiro de Serra na política estudantil (eu do PCB, Serra da AP) até a eleição de Serra para a UNE (de que participei ativamente, articulando o apoio nacional do PCB).
Por outro lado, fui um dos cineastas que documentaram a greve de 79, que elevou Lula à condição de lider nacional. Nossos filmes foram fundamentais na divulgação do movimento e do próprio Lula, na medida em que as TVs não exibiam as imagens da greve.
Acentuo que conheci Lula bem antes, fiz o que penso ter sido sua primeira entrevista para a TV, em 1972, no programa "Hora da Notícia" ( com Vlado Herzog e Fernando Pacheco Jordão).
Mas a visão que eu tinha da abertura política e dos rumos da democracia era divergente da que foi encaminhada por Lula e pelas correntes da esquerda que o acompanharam na formação do PT.
Simplificando minha visão, acho que a ascensão de Lula se dando como um oposto à política de FHC, criou uma dicotomia que precisa ser pensada e digerida apela História.
Um desafio a ser pensado sem preconceitos e sem ódio.
Não admito pensar FHC e Serra como direita, da forma como a paixão tem levado muitos a se expressarem.
Não há perigo algum de "retrocesso", se haá alguém com esse temor: o cerne da oposição é o PSDB, moldado na luta democrática, com líderes como Fernando Henrique, Serra, Mário Covas, Alckmin, Aécio Neves, Aloysio Nunes, e os históricos Mário Covas, Franco Montoro, etc.
Eu também gostaria de mais, de uma radical libertação da humanidade, mas entre esse ideal e a realidade está a política.
E estou falando de política.
Aprendi na vida, na militância anti-ditadura, a fazer política na adversidade. Recusei a idéia de luta armada por julgá-la incapaz de enfrentar a ditadura e apelo risco de um massacre da juventude brasileira ( nunca vou deixar de lamentar a morte de tantos amigos levados pela enganosa opção de "derrubada" da ditadura). Fiquei ao lado dos que acreditaram que era necessário retomar a política, rearticular nossa ligação com os movimentos populares, ajudar esses movimentos a renascerem. E foi assim que a ditadura brasialeira foi, não "derrubada", mas "derrotada".
Com esse mesmo espírito, em 1972 fui para a TV, com Vlado e Fernando Jordão, mesmo sendo a TV Cultura do governo biônico da ditadura em SP sob o govêrno mais violento da ditadura, o giovêrno Médici. . Áli pudemos, conscientes de nossas limitações mas também certos da importância do que faziamos, desenvolver um belo e reconhecido trabalho de revelação da real situação do povo brasileiro sob a ditadura. É verdade, um trabalho que custou a vida do melhor de nós, justamente o Vlado.
Com essa mesma disposição fui para TV Globo onde, em SP, criei o Setor de Especiais (Globo Repórter, etc), onde fiz documentários que hoje são saudados, como "Caso Norte"(77) e o proibido ( pelos militares) "Wilsinho Galiléia"(78).
Pois bem, é assim que me coloco hoje.
Acho que a vitória da oposição fará bem ao país, à democracia.
Pois é claro para mim que nenhum partido, nenhuma corrente tem condições, E NEM DEVE, conduzir eternamente os destinos políticos do país.
É preciso renovar, cultuar a alternância.
E, sem ilusões, saber que sempre teremos que lutar muito pela cultura brasileira, como agora.
Aí estão, de forma sucinta, as razões de meu apoio a Serra.
Nem preciso dizer que não dedico, nem em meu espírito e nem nas minhas ações, qualquer critica negativista a companheiros que atuam no governo atual, às suas ações políticas. E muito menos críticas aos que pensam e optam de maneira diferente.
Eis, para terminar, as razões pelas quais não assinarei o manifesto pró-Dilma.
Assinaria um pró-Serra.
Um abraço a todos, com espírito aberto e companheirismo,
João Batista de Andrade

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cineclubistas: Resposta a JB Pimentel

Cineclubistas: Resposta de JBAndrade a Pimentel
Mensagem de JB pimentel (cineclubista
E Resposta de João Batista de Andrade
On Qui 7/10/10 13:28 , João Batista Pimentel Neto pimentel@cineclubes.org.br sent:


1- JB Pimentel
Companheir@s cineclubistas,
Todos sabem meu posicionamento contrário à utilização desta lista para pregações de caráter político/partidário.
Diante das declarações do candidato José Serra, publicadas na Folha de São Paulo de ontem, na qual informa que sua proposta para a área de cultura se resume a implantar em todo o país o “É Vento” Virada Cultural, museus e centros culturais. E ainda como paulista e conhecedor da gestão da cultura que vêm sendo praticada pelos seguidos governos do PSDB no Estado de São Paulo, decidi que era hora de me manifestar e tornar público meu apoio e total empenho à eleição da candidata Dilma Roussef à Presidência da República.
Tomei tal decisão, por entender e mais que isso, ter a certeza de que a eleição de SERRA significará um imenso retrocesso, colocando em risco todos os inegáveis (mesmo que ainda insuficientes) avanços ocorridos nos últimos oito anos em relação às políticas públicas de cultura implantadas pelo Governo Federal.
Não, não podemos correr este risco de trocar tudo o que construímos (sim construímos, porque nós da sociedade civil fomos convidados a participar, fomos ouvidos e tivemos muitas de nossas demandas atendidas) por um projeto, que coloca em sua centralidade a visão de cultura como mero evento (ou como diriam alguns pela cultura do "é vento"), como é o caso da tal VIRADA CULTURAL.
Aliás, não podemos nos conformar e nos omitir diante da ameaça de que todos os avanços obtidos, sejam virados pelo avesso, desconstruídos e paralisados. Não podemos compactuar com propostas que resultarão numa MARCHA A RÉ em todo o projeto cultural, que as duras penas, vêm sendo implantado no país .
Não podemos nos omitir, compactuar e permitir com a demolição de todo este processo que se baseia na implantação de políticas públicas estruturantes, permanentes, federativas e republicanas, para que se coloque no lugar a velha e conhecida política que vê a cultura como mera distribuição de PÃO e CIRCO, aliás, mais CIRCO e PÃO para poucos, como ocorria nos anos FHC.
Enfim, resumidamente não podemos nos omitir, compactuar e permitir retrocessos e a volta das práticas e da visão de cultura praticada pelo PSDB durante os anos Fernando Henrique Cardoso, quando as políticas culturais se virão reduzidas ao bordão e ao balcão do CULTURA É UM BOM NEGÓCIO
Novamente como paulista, informo a todos que infelizmente desde que os tucanos assumiram o Palácio dos Bandeirantes, a cultura e as entidades culturais de meu Estado vêm sendo cada vez mais maltratadas e recebendo menor atenção dos Governadores ocupantes do Palácio dos Bandeirantes, sofrendo um processo de continuo esvaziamento e retrocesso. Em especial no que se relacionam as políticas de descentralização e regionalização e de participação da sociedade civil.
Prova disso é que ainda neste ano e ainda na gestão Serra no Governo do Estado, foram fechadas as 13 Oficinas Regionais da Cultura que funcionavam na capital e no interior do Estado.
Por outro lado, logo no início da gestão Serra/Saad foram extintas todas as Comissões que funcionavam junto a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, que há décadas funcionavam como canais e instrumentos através dos quais as entidades e a sociedade civil participavam do processo de elaboração das políticas e gestão.
Já como cineclubista, o que tenho a informar é de que apesar de todas as gestões feitas pelo movimento junto a Secretaria de Estado da Cultura, há mais de uma década, não se logrou do governo, nem mesmo a mínima disposição ao diálogo. Saibam por exemplo que o Estado de São Paulo é um dos poucos e raros estados que não se dispôs a realizar um edital estadual dentro do Programa Cine+Cultura.
Fica, portanto este meu alerta.
Para mim quem vota SERRA, vota contra a cultura e contra o cineclubismo brasileiro.
Portanto companheir@s, agora, como cineclubista, militante cultural e filiado ao PV – Partido Verde, torno público meu apoio e disposição de luta para que no próximo dia 31 elejamos a candidata DILMA ROUSSEF, para a presidência da República Federativa do Brasil, garantindo desta forma a continuidade de um projeto que ajudamos a construir e que tem sido bom para o Brasil e para todos os brasileir@s.
Agora é DILMA. 13.
Pelo cineclubismo, pela cultura, pelo povo brasileiro! Avança Brasil!
João Baptista Pimentel Neto
PS. Estarei a partir de hoje organizando um MANIFESTO DE APOIO de cineclubistas à candidatura DILMA ROUSSEF e conto com a participação e manifestação de tod@s os companheir@s.



--
João Baptista Pimentel Neto
Diretor de Articulação e Comunicações do CBC - Congresso Brasileiro de Cinema
Secretário Geral do CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros
Relações Institucionais do Festival de Atibaia Internacional do Audiovisua

2- Resposta de JOÃO BATISTA DE ANDRADE ( 07/10/2010)<

Caro Pimentel
Em primeiro lugar, nada contra qualquer tipo de manifestação de opção, afinal estamos mesmo em época de escolhas.
Quero, no entanto, fazer dois reparos:
1- Me sinto ofendido quando se generaliza : "gestão da cultura que vêm sendo praticada pelos seguidos governos do PSDB no Estado de São Paulo". Não sou filiado nem militante do PSDB, mas Fui Secretário de Cultura do Estado entre 2005 e 2006, no governo PSDB. Posso dizer que foi um período altamente democrático, com as diversas comissões funcionando ( e exercendo também sua função de ligar a Secretaria aos diversos movimentos culturais e diferentes pensamentos a respeito da cultura)
2- Comissões: quando assumi a Secretaria, em 2005, já não havia Comissões. EU AS RECRIEI
3- Quanto ao cineclubismo, fiz o que pude para ajudar em minha gestão, inclusive patrocinando a proposta do Popcine que só não foi avante porque não tivemos tempo de deixar, para meu sucessor, o projeto implantado e com a questão da forma de patrocínio bem determinada.
4- Sobre as declarações de José Serra: melhor seria ouvir dos dois candidatos, agora de forma mais clara, quais seriam, de fato seus compromissos com a cultura. E não apressar posições como reação a declarações soltas e fora de contexto. Isso, ouvir dos dois, seria uma coisa excelente. E mostraria o movimento agindo de forma independente, sem partidarismos mas exigindo de todos os candidatos o maior empenho para nossa causa.
Como ex-cineclubista, mas principalmente como um ativista cultural, sou bastante crítico a esse tipo de proposta que vincula as entidades ou movimentos a uma candidatura.
Sei bem a fragilidade da cultura E DE NOSSAS ENTIDADES.
Sei bem o significado dessa luta.
Acho saudável que militantes de causas sociais tenham suas escolhas e as explicitem.
Mas uma entidade ou um movimento não podem se tornar prisioneiros das opções ideológicas de quem quer que seja.
Espero ser compreendido.
Tenho uma ligação histórica muito forte com o movimento cineclubista e com as lutas culturais nesse país. E sei que é preciso cuidar de nossa luta como quem cuida de um objeto muito delicado e sensível.
Um abraço
João Batista de Andrade