segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Sobre o filme VLADO

Sobre o filme
VLADO, TRINTA ANOS DEPOIS,
(lançado em set/2005 marcando os 30 anos do assassinato do Vlado, Vladimir Herzog)

Escreveu o cineasta LUIZ CARLOS LACERDA, em 22/Ago/2016:

Caro JB, somente Hoje vi no Canal Curta ! seu belo e emocionante filme VLADO ! Fundamental te-lo feito ! Bela homenagem ao seu amigo e importante documento para a nossa História ! As pessoas que viveram aquela época sombria andam se esquecendo...os jovens não têm acesso a essas informações. Por tudo isso e pela forma desprendida de filmar torna-se um filme fUNDAMENTAL ! Fiquei muito emocionado em vários momentos, especialmente com a viúva do Marighela contando o encontro com ela e a Clarice q ela promoveu, e o Markun contando que ouvia os gritos da Diléia sendo torturada.E o João cantando no final, tb é muito forte ! Estive uma semana no DOI-CODI do Ri, às vésperas do Ato 5 e perdi um filho q minha mulher esperava. Um dia te conto.É só mais uma história.Muito bom ver o Cinema à serviço dessas causas tão nobres de não deixar q a amnésia política estenda suas asas sobre nós ! Um abraço do Bigode.
NÃo consigo dormir, depois desse filme - que já passou há horas !
Tenho falado com as pessoas sobre o filme ! Deveria passar nas escolas, nos quartéis, em todos os lugares.Um abraço !

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Marx

"Do mesmo modo que não se julga o que um indivíduo é pelo que ele 
imagina de si próprio, tão pouco se pode julgar uma tal época de revolucionamento a partir da sua consciência, mas se tem, isso sim, de explicar esta consciência a partir das contradições da vida material, do conflito existente entre forças produtivas e relações de produção sociais. Uma formação social nunca decai antes de estarem desenvolvidas todas as forças produtivas para as quais é suficientemente ampla, e nunca surgem relações de produção novas e superiores antes de as condições
materiais de existência das mesmas terem sido chocadas no seio da própria sociedade velha. Por isso a humanidade coloca sempre a si mesma apenas as tarefas que pode resolver, pois que, a uma consideração mais rigorosa, se achará sempre que a própria
tarefa só aparece onde já existem, ou pelo menos estão no processo de se formar, as condições materiais da sua resolução." (Prefácio de "Para a Crítica da Economia Política", Karl Marx, Janeiro de 1859)

sábado, 13 de agosto de 2016

Amor

O AMOR
(para Ana)


O amor é assim, quando te beijo
E as mãos tateiam tua pele macia
Feito naves perdidas
Na imensidão do desejo
Prazer sem fim

O amor é quando te esqueço
Abismo de alguns segundos
Para voltar à tona buscando a vida
Que acalma todo o tormento
Teu corpo colado ao meu

O amor é esse desamparo
Quando saltamos de pedra em pedra
Sem saber qual pedra é falsa
No caminho que o medo faz de pântano
Em busca de teu beijo

O amor, desejo, espera, tormento
Infla o espaço em que vivemos
Respiramos esse delírio de cativos
Sempre falta ar, apesar de tudo
Tamanha essa alegria.

O amor nos tem
Falta
Quando estamos
Espanta
O amor nos doma
Sufoca
O amor nos faz
Corpos
Para todo o sempre
Amantes
Somos nós, meu bem

(JBA 13/Ago/2016)

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Wilsinho 2 anos atrás

(se quiserem, leiam em www.joaobatistadeandrade.blogspot.com
Dia dos pais. Sem temor, uma dose controlada de emoção, me vi às voltas com as possibilidades da vida e da morte. Eu me perguntava que coisa, que fato, que pessoas eu teria pena de deixar. Pensei nos filhos, me emocionei revendo-os ainda pequenos, vivendo comigo as aventuras costumeiras, praias desertas, matas, viagens... Pensei nos netos queridos, criaturinhas de puro amor que são o melhor da humanidade. Sim, eu sentiria grande dor em deixá-los. Mas uma lembrança forte sacudiu minha cidadela familiar: Wilsinho, Wilsinho Galiléia. O personagem de meu filme que tem seu nome. A saga trágica de um menino de periferia em busca de alguma alegria e de prazer, tentação que o levou ao crime e também à morte aos 18 anos, fuzilado pela polícia. Meu filme, de 1978, longametragem (documentário com alguns atores) era a pergunta: o que fez daquele menino, preso um dia por roubar uma fruta na feira, - o que fez dele um bandido violento ainda adolescente. O filme passaria em dois programas do Globo Repórter ( que, nos anos 70 era de cineastas brasileiros). E FOI PROIBIDO PELOS MILITARES. Exibido 24 anos depois, em 2002, fez sucesso entre a crítica, homenageado em vários festivais internacionais. Mas o povo brasileiro não viu o filme. Isso ainda me causa muita dor. Agora, nesse pequeno balanço, digo que quando partir levarei essa dor e a dor diante dessa tragédia brasileira. E uma pena lacrimosa do menino Ramirinho, irmão de Wilsinho que está no filme numa cena tocante, a mãe tentando salvá-lo da perseguição policial, pedindo a ele que olhasse para a minha câmera e dissesse que não era bandido, que queria estudar e trabalhar...Gaguejando de pavor, Ramirinho repetiu as frases ditadas pela mãe...Adiantou nada. Poucos meses depois Ramirinho morria numa perseguição policial. Tinha 12 anos.
CurtirMostrar mais reações
Comentar
9 comentários
Comentários
Ivan Capúa agora eu quero ver. como faço?
Joaquim Mattar Feliz Dia dos Pais João Batista Andrade
Maria Cancella parabens pelo dia dos pais! Agora sei tbem o quanto seus filhos artisticos fazem parte de suas alegrias e dores. Mas vai ai uma dica: não fique preso nas coisas que já foram elas nos aprisionam e não deixam sairmos para as possibilidades. Claro que são e foram importantes pois fazem parte de nossa história. A história do Wilsinho
Amair Campos Estes são nossos filhos da dor,esta dor de olharmos o mundo com íris sensíveis.Um abraco pelo dia dos pais.
Regina Perez Quero lembrar que por ser a caçula da família aproveitei muito essas viagens em praias inexplorada, peixe na telha... Até mesmo o gosto por estar na mata e encontrar uma orquídea. E são essas coisas simples que você fez, que marcam e que ainda me emocionam. Muito legal, democráticos e ecológicos esses passeios. Obrigada pelasnos proporcionar essas belas experiências.
Regina Perez Em tempo parabéns pelo dia dos Pais
Maria Yuma Lindo texto da nossa sempre triste realidade!

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Brasil

EM REVISÃO AINDA

Brasil

O que tem o Brasil?
Tem carnaval? tem
Tem cantoria? tem sim senhor
Muitos problemas também
Índios sem suas terras
Pobres em suas favelas
Crianças sem escolas
Adultos abandonados
E um desencontro infeliz

Brasil já foi dos índios
Foi também dos colonizadores
Depois dos coronéis
E do povo nas ruas
Foi de Getúlio com sua ditadura
E também com democracia
Brasil já foi bossa nova
De cantar e governar
Foi também dos jovens
Nos cinemas, teatros e nas ruas
A praça já foi do povo
E o povo já foi organizado
E também bastante usado
Reprimido e manipulado
Iludido, sonhador, enganado

Brasil já foi colônia
Marcado pela escravidão
Tivemos  reis e princesinhas
Depois os lances militares
Muita demagogia
E vinte e um anos de ditadura

Afinal, com todo esse tamanho
Indústrias, petróleo, informática
Lições de Paulo Freire
Textos de Machado e Graciliano,
Cinema de Glauber,
Músicas de Cartola, Chico e Jobim
Vila Lobos, Paulinho,Gil e Caetano,
Uma riqueza sem fim
Esse Brasil que tanto tem
Florestas imensas, tão ricas
E uma terra encantada
Onde se plantando tudo dá
Se o crédito chegar a tempo
E o tempo nos ajudar.

Com tudo isso e esse belo povo
O que tem hoje nosso Brasil?
Tivemos jovens nas ruas
E muitas decepções
Estivemos unidos e brigados
Depois brigados e unidos
Numa grande divisão
Consola ver que temos
Gente como Rafaela?

Sei não, persistem as perguntas
E os pés descalços do ufanismo.
Parabéns, moça
Ficamos todos contentes
Com sua energia e vontade de lutar
Beba desse mérito, isso nos faz bem
Quem sabe nos incentive
Não só à luta, mas ao pódio, ganhar!


Mesmo assim, volto a perguntar
Tem carnaval?
Tem samba canção?
Emprego, desemprego, inflação?
E a saúde, a ética, o crescimento
Uma boa educação
E o cinema nacional?

Tem também muitos desafios
Nas mãos de futuras gerações
E eu fico aqui poetando
Enquanto a imaginação me pede
Um pouco mais de  esperança
E menos resignação.


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

NÓS, O POVO

Revisão do poema 14 Juliet.

16:24HS DE 01Ago2016

NÓS, O POVO

Ouço de ruas plácidas
O sinal sonoro, desejo e sina
Da anarquia
Respiro o cheiro doce de sangue humano



PENSO NA FOME, NA MISÉRIA E NA GUERRA
DIAS E NOITES NESSA TRAVESSIA
QUE HABITA RUAS INTOLERANTES
E POVOA MINHA VIDA, SONHOS E UTOPIAS

ERGO OS OLHOS E PERGUNTO
O QUE FAZER
QUANDO O DESENTENDIMENTO É O PRATO DO DIA?

NINGUÉM É UMA ILHA DE PEIXES E MEL
VIVEMOS A SURPRESA ÁSPERA DE MÍSSEIS CEGOS
E ATENTADOS DE TANTA FÉ QUANTO COVARDIA
LOUCURA QUE AGE AGORA TÃO FRIA
SEM ALARDE, FÚRIA SEM AMOR E SEM SENTIDO

A MORTE PARECE POUCO PARA QUALQUER SONHO PERDIDO
DESDENHA-SE DELES, POBRES FANTASIAS
ENQUANTO A ESCURIDÃO DO MUNDO NOS AÇOITA
E SE ARRASTA EXALANDO MEDO PELOS OLHOS, FEZES, URINA
SIMULACRO DE CORAGEM, SABER E OUSADIA

HÁ TANTO ÓDIO QUANTO SANGUE NESSA CARNE NUA
FANTASIOSOS SÃO OS DESEJOS QUE A TUDO ENCOBREM
DESAFIAM O DESFIAR DA MORTE ENTRE A FORÇA E O PENSAMENTO
AGONIA DE IDÉIAS FALSAS ENTRE A NOITE E O DIA

SIM, A MORTE PARECE POUCO PARA TÃO POUCOS DESEJOS E FANTASIAS
PARECE SIM TÃO POUCO PARA TANTA INDIFERENÇA
QUE SE BEBE DESDE A INFÂNCIA DOS OPRIMIDOS
TÃO POUCO, TÃO POUCO PARA TANTA INFÂMIA

HÁ UM DESERTO DE RAZÕES TÃO DISSIMULADAS
SOAM TÃO FALSOS O QUE DIZEMOS QUERER DA VIDA
SIMULAMOS DOAR DE NOSSA CRENÇA E SONHO
BUSCANDO VIVER O QUE NEM A NÓS PERTENCE
QUANDO NA VERDADE TIRAMOS DAQUELES QUE TRAÍMOS
E DEDICAMOS AO MUNDO COMO GENEROSAS OFERENDAS
COMO SE FOSSEM NOSSAS, TUAS, MINHAS
TODAS AS CONQUISTAS

SIM, A MORTE PARECE SER TÃO POUCO,
POUCO PARA MEXER UM SÓ MÚSCULO DE NOSSA INTOLERÂNCIA INÚTIL
POUCO CASO QUE FAZEMOS DE TODOS OS CASOS, TÃO POUCO
POUCO A VIVER, POUCO A VER, A LAMENTAR, POUCO A SER
POUCO OU NADA A FAZER

OUÇO TIROS, PARTEM DAS PEQUENAS GRADES DA PENITENCIÁRIA
IMAGINÁRIA
QUE CULTIVO NESSE RETIRO DE DÉCADAS DECADENTES
E ORDINÁRIAS
OUÇO TIROS, RESPIRO A POEIRA DESSE DESENTENDIMENTO
AO SOM DE BALAS E AMEAÇAS ONDE TROÇAM DE NOSSOS NOMES
JÁ QUE SOMOS NADA MAIS QUE CORPOS E AGRADECIMENTOS

SEI QUE MORREM MUITOS A CADA METRALHAR DE BALAS
E QUE AS PALAVRAS REPETIDAS SEM SENTIDO TANTO FEREM
SEI QUE GATILHOS E MIRAS NUNCA SE DERAM BEM
SEI QUE HÁ TENSÕES DEMAIS EM NOSSO DIA A DIA

ESPANTA-ME SABER O TANTO QUE JOVENS BEBEM
E O POUCO QUE SE LÊ E PENSA NESSA PÁTRIA ESCURA
TÃO QUERIDA QUANTO TRISTE, DESEDUCADORA

VERDADES OBSCURAS, DOBRAS DE PÁGINAS BRANCAS
CONTANDO HISTÓRIAS DE MINHA INFÂNCIA E JUVENTUDE
GRITOS QUE GUARDO NOS BOLSOS FEITO PEDRAS
GOZOS INDISCRETOS E INCERTOS A NOITE INTEIRA
SÓ PENSANDO EM VOCÊ, MEU AMOR, SÓ EM VOCÊ
ENQUANTO VIVO NESTA DENSA NUVEM DE INCERTEZAS
EM QUE LUTO PARA NÃO SUCUMBIR AO VENTO

APENAS ME PERGUNTO QUE BOCAS FERAS SERIAM AQUELAS
QUE DE MEU CORPO TIRAM LASCAS DE CARNE INÚTIL
E DE CUJAS GARGALHADAS CATO, MAIS QUE FÚRIAS
PALAVRAS SUJAS, A IMBECILIDADE DO ÓDIO, A INTOLERÂNCIA
E OLHARES TÃO TRISTES DEPOIS DE TUDO.

O DESESPERO QUE PLANTAMOS PELA VIDA AFORA
NOS FAZ SOLITÁRIOS E PERIGOSOS ARAUTOS DA MENTIRA
ESPERANDO QUE NOSSA INUTILIDADE SEJA DEFENDIDA
POR AQUELES QUE DE NÓS MESMOS HERDARAM
A FALTA DO ALIMENTO E DE FUTURO

NEM TODA REBELDIA SERVE, MUDA, 
NEM TODO GESTO AFAGA, CRIA
EMBORA A COVARDIA CULTIVE O PRÓPRIO VENENO
E O DERRAME SOBRE O MUNDO, DIA APÓS DIA

AH ESPERANÇA DE QUE TUDO SE FAÇA POR NÓS
E QUE A MORTE SE SATISFAÇA NA MULTIDÃO DORMENTE
QUE A ILUSÃO DE NOSSA FÚRIA DESPERTARA ENFIM
NÃO PARA SEU FUTURO, VIDAS E ALEGRIAS
MAS PARA OS DESCAMINHOS DE NOSSA PRÓPRIA FALTA DE SAÍDAS

QUANTO PRAZER ESTÉTICO NESSA FÉ SEM RUMO,
QUANTO PRAZER NESSA INÚTIL E SANGUINÁRIA LUTA!

IR EMBORA, IR EMBORA, XINGAR, NADA VALE NADA
TAMPOUCO VALE SEQUER UM TANTO, UM POUCO
QUE VALHA A DOR DE CADA GRITO
O TRISTE DE CADA DESISTÊNCIA EM VIDA
O DESESPERO DE QUALQUER PALAVRA PERDIDA
O GRITO DE DOR DE CADA GESTO INFAME,
O HORROR

FICAR, FICAR, EM CADA OBSTÁCULO UM DESAFIO
AMAR O PRÓXIMO COMO SE PORVENTURA AMASSE A SI MESMO
LUTA DE AMOR, ANA
POR UM VERDADEIRO E FELIZ DESTINO AOS QUE VIVEM SUA VIDA
EM CADA INSTANTE, POR DESEJO E NECESSIDADE
EM CADA TRINCHEIRA UM BREVE ENCANTO, SEM AGONIA