sábado, 24 de janeiro de 2015

poema SILÊNCIO


24Jan2014

SILÊNCIO

São tantas as incertezas
Cercam nossas aldeias e vidas
Animais ferozes e rugidos
Tantos quanto sejam precisos

São tão grandes as sombras
Escapam do Paraíso, perdidos
Feito corpos de guerra, feridos
Em busca de seus demônios

São tão agudos nossos gritos
Em parte por serem fingidos
Já que todo ser vivo quando nasce
Sabe que os dias serão sofridos

São tão poucas as alegrias
O riso se vende como tesouro
O brilho volátil do ouro
Uns poucos possuem o de todos

São tão raras as palavras
Embora tantas peçam saída
Prisioneiras de todos os medos
Emboladas nos cérebros intumescidos

São tão poucas nossas certezas
Cobertas por ferozes rugidos
Cercam nossos  desejos
Sonhos não são mais precisos











terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Poema: Faltas


FALTAS
20\jan\2015

Não são os dias, os apressados
Não são os anos que passam ligeiros
Não são os olhares que nos vigiam
Não são as pedras que nos chutam
Não é o vento que nos derruba
Não é a chuva que nos inunda
Não é o medo que nos poe em fuga

Não é o tiro que nos mata
Não são os pobres que nos assaltam
Não são os meninos que nos assustam
Não é o dinheiro que nos falta
Não é a poeira que nos suja
Não é o mal que nos castiga
Não é a sorte que nos falta

Não é o poste que nos atropela
Não são as palavras que nos ofendem
Não são as rimas que fazem os versos
Não são as armas que nos atiram
Não é a distância que nos separa
Não é o dever que ainda nos une
Não é o agora que preocupa
Não é o futuro que nos apavora

Nem nada, nem tudo que nos cala
Nem o silêncio, a covardia, o medo
Nem tudo que dizemos pela vida
Nem tudo ou nada queremos
Nem nada, nem tudo fazemos
Nem tudo ou nada
Nem nada.

Olho ao redor de fantasmas
Que povoam as ruas de minha febre
Nada real me ameaça ou assusta
Embora o medo cubra tudo de espanto
Sonho com formigas, são tantas
E cães que apenas fingem ameaças
Espanto meninos deseducados
Nenhum deles carrega armas
E seus olhares são tão doces
Como se fossem meus filhos

Não, não é arma o que a mão exibe
Nem dela o tiro que nos mata
Não é o medo que nos poe em fuga
Não são os pobres que nos assaltam
Nem os meninos que nos assustam
Não é o dinheiro que nos falta
Não é a poeira que nos suja
Não é o Senhor que nos castiga
Não é a sorte que nos falta

Nem tudo ou nada queremos
Nem nada, nem tudo fazemos
Nem tudo ou nada
Nem nada
Nada

domingo, 18 de janeiro de 2015

Manias desmobilizadoras e defensivas

FB 18Jan15

Mania desmobilizadora. Cobrança vazia.
Alguem grita: olha um rapaz se afogando!
Outro retruca: E quanto aos tantos jovens que morrem todos os dias no seco?
A toda hora vejo e leio isso.
Pura cobrança.
O fato de apontar um perigo, uma injustiça, não quer dizer que se excluem outros perigos e injustiças. Não é preciso resolver todos os problemas da humanidade para se dedicar a um só deles. Isso nos paralisa. E o rapaz corre o risco de morrer afogado por conta de nosso idealismo disperso e abstrato.
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  • Amelia Junko Watanabe Concordo plenamente!!!!Por isso essa passividade anestesuante!
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  • João Batista de Andrade CULTIVA-SE UMA POLÊMICA ABSTRATA, EM NOME DE PRINCÍPIOS. Isso funciona colocando o interlocutor ( cobrador) na conversa, afirmando-se como interessado na GRANDE QUESTÃO, sem ter que colocar a mão na massa, sem enfrentar a dureza de mudar as coisas na vida real.
    22 h · Curtir · 6
  • Nic Nilson espera, nao afoga agora nao, preciso pegar meu celular e postar no face!
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  • Marinho Andrade É isso João Batista de Andrade, parece que ligaram o foda se e foda se...!
    19 h · Editado · Descurtir · 1
  • Adalberto Piotto João, estou gratificado com sua análise. E, se me permite, os que dizem "há tantos outros morrendo no seco" é exatamente do tipo que nada faz porque morre de medo de perder seu comodismo de critico sem causa. Abs.
    7 h · Editado · Descurtir · 1
  • Célia Musilli completamente de acordo. A gente se indigna com alguma coisa e os que nunca se indignaram com nada aparecem para cobrar a fatura de sua própria omissão.
    6 h · Editado · Descurtir · 2
  • Célia Musilli Vou compartilhar!
    6 h · Descurtir · 1
  • Paulo Borelli Coisa de populista. Não faz nada pelo que importa mas, dando enorme atenção ao caso único, ganha popularidade de gente que escreve e apoia um post desses
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  • João Batista de Andrade Há sim um processo de ambiguação paralisante e, é óbvio, defensivo. Uma defesa do "status quo" das irregularidades e absurdos. Em vez de tomar o partido das correções apontadas, - fazendo isso como decisão exemplar-, e daí apontar e ganhar adeptos para o combate aos outros problemas,- e busca de uma visão mais abrangente e livre, prefere-se a ambiguação protetora e paralisante. "Se meu vizinho não prender o cachorro dele eu também não prendo o meu, deixo que morda a vontade".
  • João Batista de Andrade Paulo Borelli, Você parece não me conhecer. Jamais disse que devemos nos ater a um caso único. Mas eles são fatos e revelam o mundo em que vivemos. A atenção aos casos deve se juntar à nossa preocupação com o todo, nunca negar. Eu digo não à paralisia. Ficar só no caso é também restritivo. Ficar só no todo é paralisante.
    4 h · Editado · Curtir · 1
  • Sergio Santeiro Bem sei que não é exatamente o teu caso mas mexer-se pelo individual ao invés do coletivo como nestas matérias de jornal não resolve nada agrava.
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  • João Batista de Andrade É preciso ser dialético, caro Sérgio Sergio Santeiro. A negação da negação. Leia meus dois posts anteriores ao seu.
    3 h · Editado · Curtir


Completamente de acordo com a análise do cineasta João Batista de Andrade porque quando a gente se indigna por alguma coisa logo aparecem os que nunca se indignam por nada para cobrar a fatura de sua própria a omissão. A gente se indigna com a pena de morte e eles falam das mortes cotidianas fingindo não saber que estamos nos referindo à violência generalizada que abordamos tantas vezes aqui mesmo. Oras, elejam suas próprias causas e vão à luta. Parem de querer desmobilizar  
Parem de querer desmobilizar os outros.
Mania desmobilizadora. Cobrança vazia.
Alguem grita: olha um rapaz se afogando!
Outro retruca: E quanto aos tantos jovens que morrem todos os dias no seco?
A to...
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