sábado, 19 de outubro de 2013

Marco Aurélio Nogueira fala sobre meu livro CONFINADOS




sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O destino de cada um




Não tenho talento nem conhecimento para fazer crítica literária. Até tentei, muito tempo atrás. Foi um fiasco.
Leio muita literatura, creio que hoje em dia até mais do que livros científicos. Para mim, é impossível entender o mundo sem literatura, sem música e sem cinema. A arte nos ensina coisas indispensáveis, que não podem ser encontradas na ciência, na filosofia ou na religião. Além disso, é menos chata.
Para mim, um bom romance não se filia a gêneros, escolas ou autores. É um texto que pega pela emoção, que envolve e faz fantasiar, refletir, pensar na vida, além de apresentar o leitor a personagens emblemáticos, singulares, com os quais estabeleço um relacionamento e entabulo uma conversação.
É assim com todo mundo que gosta de ler. Mergulhar no terreno sensível e explorá-lo de modo a ultrapassá-lo.
Acabei de ler Confinados, de meu amigo João Batista de Andrade, publicado recentemente numa bela edição da Prumo, de São Paulo.
O livro faz exatamente o que escrevi acima. Pegou-me pela emoção (que aumentou porque conheço o autor e compartilhei algumas coisas com ele). Ofereceu-me um relato pungente da vida como ela é e me pôs em contato com uma galeria de personagens densos, expressivos, fascinantes. Traficantes, gente comum, intelectuais. Sua trama é paulistana – a cidade tomada pela violência, um enredo que de certo modo nos remete às ações do PCC que sitiaram a cidade em 2006. Mas o que o enredo revela é universal e flui de maneira explosiva, às vezes delirante: confusões mentais, angústia, solidão, dúvidas, medos, a luta diária pela sobrevivência e pela vida, que pulsa mais forte.
Como é cineasta e documentarista militante – autor de tantos belos filmes com a marca do “cinema de intervenção” (Doramundo, O homem que virou suco, Vlado) –, João Batista constrói sua história como um mosaico de pequenas cenas plásticas, caprichosamente costuradas entre si. Lança-nos num redemoinho de labirintos e encruzilhadas.
Seus personagens estão confinados nessa trama diabólica que não controlam nem conhecem. Vivem. Batalham. Matam, amam e morrem. Confinam-nos com eles. E ao fazerem isso nos libertam.
O final aberto do livro sugere que o destino de cada um não está pré-determinado nem pode ser escolhido unilateralmente. Chances, desvios, riscos, circunstâncias e oportunidades estão o tempo todo redefinindo rumos que pareciam definitivos. É uma aposta na liberdade. E na capacidade humana de refletir sobre a própria experiência.
Tá na abertura do livro: "Você, como um leitor especial deste romance, pode mudar tudo. Proponha, mude, mesmo para que seja para que tudo continue como está. Pois se uma pessoa pode mudar uma história, abre-se uma nova chance para a vida. Quem sabe uma pessoa possa, com um gesto, uma opinião, mudar o mundo?”. 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

documentário e ficção

A ficção muitas vezes é mais reveladora da realidade do que o documentário. E olha que sou documentarista reconhecido. Mas nunca tive esse tipo de opção como religião. Filmo e escrevo documentários e ficção. Cada um com seu alcance. Garanto que meu livro "Confinados" esclarece mais sobre o Brasil de hoje do que tantas teorias vazias e perdidas que lemos a toda hora. A ficção me permitiu sondar a alma dos brasileiros, percorrer as diversas camadas da população, ver como vivem, como se inter-relacionam, como enfrentam os desafios tanto teóricos quanto cotidianos.

domingo, 6 de outubro de 2013

A humanidade sobreviverá?

FB 06Out13
Humanidade ainda precisa mostrar que sua escolha como vida dominante não foi uma roubada para a natureza.

Arnaldo Pereira · Amigo de Ana Paul e outras 6 pessoas
João, sobre esse assunto, tomo a liberdade de reproduzir os primeiros parágrafos do livro O Império Americano, de Noam Chomsky:
“Alguns anos atrás, um dos grandes nomes da biologia contemporânea, Ernst Mayr, publicou algumas reflexões sobre as chances 
de sucesso na busca de inteligências extraterrestres. Para ele, essa probabilidade era remota. Suas conclusões tinham a ver com o sentido adaptativo do que chamamos "inteligência superior", ou seja, a forma especificamente humana de organização intelectual. Mayr estimou o número de espécies desde a origem da vida em cerca de cinquenta bilhões, uma única das quais "atingira o tipo de inteligência necessária a gerar uma civilização." Isso ocorreu em passado bem recente, há cerca de cem mil anos. Costuma-se supor que apenas um pequeno grupo tenha sobrevivido, do qual somos todos descendentes.

Mayr especulou que a forma humana de organização intelectual talvez não se deva à seleção. A história da vida na Terra, escreveu, contradiz a afirmação de que "é melhor ser inteligente do que burro", ao menos a julgar pelo sucesso biológico de besouros e bactérias, por exemplo, muito mais bem-sucedidos do que os humanos em termos de sobrevivência. Ele acrescentou, ainda, o sombrio comentário: "a expectativa média de vida de uma espécie é de cerca de cem mil anos".

Estamos entrando em um período na história humana que talvez possa esclarecer se é melhor ser inteligente do que burro. A perspectiva mais otimista é a de que a pergunta não seja respondida: se houver uma resposta definitiva, ela só poderá ser a de que os humanos resultaram de algum tipo de "equívoco biológico", usando os cem mil anos que lhes foram reservados para destruir uns aos outros e, nesse processo, muitas coisas mais.

Sem dúvida, a espécie desenvolveu a capacidade para fazer precisamente isso, e um hipotético observador extraterrestre poderia concluir que os humanos demonstraram tal capacidade ao longo da história, dramaticamente nas últimas centenas de anos, agredindo o meio-ambiente que sustenta a vida, a diversidade de organismos mais complexos, e com selvageria fria e calculada, também uns aos 
outros.”

João Batista de Andrade A forma de compreensão desenvolvida pelo ser humano, em sociedade, é a da dominação, não da convivência. na natureza, predadores não são predadores da vida, mas dos excessos.  
Resta saber se o tipo de inteligência que adquirimos será capaz de resolver esse dilema, cuja solução dependerá muito de certas características primitivas de nossa relação com a natureza

galinhas d´angola

FB 06Out 2013

Estarei ficando chato, ecochato, idealista? - pois vi no sempre bom Globo Rural reportagem sobre galinhas d´angola, as cocá, angola, etc, tão populares no centro-oeste. Pois bem um cara no nordeste resolveu fazer inseminação artificial e produz centenas ( ou muilhares?) de pintinhos por dia. As angolas são maravilhosas. Ao contrário das galinhas, são mais livres, não ciscam estragando jardins e se alimentam de insetos, -formigas!. E são gregárias, formam bandos. Eu gosto de mais, em meu retiro pelo centro-oeste, entre 1990 e 2002, gostava de ficar admirando seu comportamento de grupo: as danças de acasalamento, como corridinhas programadas de um lado para outro e, repentinamente, o vôo de todas para longe. Logo estarão de volta, eu admirava aquela nuvem que vinha de longe até que pousassem á minha frente de novo. Elas são de reprodução um pouco complicada, pois botam, no Brasil, na época da chuva e os pintinhos são super sensíveis, não podem se molhar. Pori isso o comum é colocar os ovos em galinhas. Pois bem, agora os pintinhos nascem em chocadeiras e são logos transferidas para as gaiolas de crescimento, amontoadas até a hora do abate. Algum dia deveríamos decretar: ou paramos de comer animais ou os criamos sempre livres.