sábado, 29 de dezembro de 2012

véspera do fim de 2012

Meus amigos. Chamei e não obtive resposta. Agora já não sei onde estou, em que mundo, em que lugar, em que dimensão. Um pássaro teima em repetir Huxlei, gritando "atenção, atenção!". Não dou bola para ele, faço como a pessoa que chamei e que ficou nem aí. O pássaro começa a rir, gargalha como meu falecido pai, um riso comprido, repicado como escada ora abaixo ora acima. Rirá de mim? - devo estar ridículo com essas roupas de marinheiro, ainda mais tão longe do carnaval. E eu que não gosto de carnaval. Nem de carnaval, nem de sambinha, nem de fundo de quintal, nem de artesanato de bambu, nem de nada. Nada? - procuro no fundo do coração alguma coisa de que goste, chega a doer, o tanto que espremo o magro peito. Nada. Não pode ser! - e pé-de-moleque? e doce de abóbora, de figo, pêssegoW - e broa de milho, andar a cavalo, trepar? O pássaro recomeça seus gritos, estará drogado? Grito avisando a ele que ainda estamos em 2012, ele recomeça a rir. Mas agora não gargalha, ri um risinho idiota, entre-lábios. Olhando bem para ele vejo que é careca. Algum galo terá subido em suas costas, fazendo-o de galinha. Só pode ser. Pássaro idiota. Viro as costas, ninguém vai mesmo responder?- ainda temos dois dias.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

gestões e gestões culturais

Sair de um cargo no governo é sempre um pouco despencar no abismo, sem chão. Fica-se a mercê dos julgamentos e da indulgência com os que entram. Alguns saem atirando, como o Calil agora, depois de 8 anos de gestão. Eu saí confiante, afinal o novo governo (eleito em 2006) seria de "continuidade": fui o responsável pela reestruturação completa da Secretaria da Cultura do Estado de SP, reativei a criação e inaugurei o Museu da Lingua Portuguesa, COM GRANDE SUCESSO,  consegui desenrolar as Fábricas de Cultura deixando o projeto pronto para ser inaugurado, criei as comissões setoriais onde participaram todas as entidades culturais de SP. E CRIEI A LEI DA CULTURA, O PROAC, numa trabalhosa e justa articulação com as entidades culturais, os partidos,  os movimentos por uma lei da cultura e o imprescindível apoio do Governo, particularmente do Governador Geraldo Alckmin.
Eu tive apenas dois anos de gestão.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

momento delicado

Preocupação. Mais do que nunca é preciso manter a cabeça fria, saber o que é justo e urgente, saber o que é passageiro, o que é opinião apenas, o que é imposição. Saber o que é ira e o que é apenas raiva. Corre um rio de veneno pelas veias de nosso país e não se pode jogar mais veneno nessas águas. Os impasses devem ser resolvidos dentro dos limites da democracia.
Estou assistindo a TVT, a transmissão de um debate sobre a decisão do STF de cassar os mandatos dos parlamentares condenados.
Me preocupa o clima de raiva e a acusação de que o STF quebrou a Constituição.
Não quero julgar o STF, o tema é polêmico.
E precisaria ser analisado numa busca de concenso.

domingo, 16 de dezembro de 2012

jovens descobrem meu cinema (dez\2012)


Luciano Santiago Guarani-Kaiowá
12 de dezembro



Uma bela tarde nos aconteceu!
Encontro com o Cineasta João Batista Andrade (Diretor do Filme "O Homem que virou Suco"), pessoa ótima. Nos ofereceu momentos de sabores diversos com suas histórias e experiências com a criação desse clássico d...
o cinema brasileiro.
Passamos a entender melhor ou repensar a cada dia, a cada apresentação, o valor desse trabalho que estamos fazendo, agora, para o Teatro de Rua.
Viva "O Homem que virou Suco"!
Viva a João Batista Andrade!
Viva a TrupeArtemanha De Investigação Teatral
Adonai Bezerra Guarani-Kaiowá, Carlos Andrade, Deco Morais, Rodrigo Dias Dos Santos, Welton Silva, Dêssa Souza, Léo Santiago, Cléia Varges e Luciano Santiago.
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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Mineiros

Presidente do Memorial batiza universidade aberta mineira

nov 28, 2012 Sem comentários
Ituiutaba, MG, homenageia um dos seus filhos ilustres. A Universidade Aberta Integrada de Minas Gerais João Batista de Andrade será inaugurada nesta sexta, 30 de novembro, em solenidade com a presença do cineasta. Conhecida por Uaitec, a unidade de cada região pode receber o nome de uma personalidade que prestou serviços relevantes à cultura e à educação. “Muito nos honra homenagear uma pessoa ilustre como João Batista de Andrade, que leva o nome de Ituiutaba por todo o Brasil e porque não dizer ao mundo, através do seu trabalho reconhecido internacionalmente”, diz Silvania Evangelista dos Santos, do Centro Vocacional Tecnológico, órgão que viabiliza o projeto Rede de Formação Profissional Orientada pelo Mercado, da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais.
Na biografia ”Alguma solidão e muitas histórias”, escrito por João Batista de Andrade com a jornalista Maria do Rosário Caetano, o cineasta fala do amor e da influência da sua região: “Eu sempre gostei de terra, sempre tive uma chácara, um sítio, uma encrenca dessas em algum lugar difícil. É um viés familiar, quem sabe herdado da luta inútil de meu pai em recuperar as terras perdidas por ele, irmãos e mãe, depois da morte de meu avô quando meu pai tinha apenas 12 anos. Quem sabe pela vivência no campo, a infância em Ituiutaba, região de cerrado, a paisagem do tempo que nunca se apaga”…
A Universidade Aberta Integrada de Minas Gerais oferece gratuitamente ensino à distância e semipresencial em várias áreas e tem o objetivo de promover a inclusão social e digital e desta forma ampliar o direito ao conhecimento e à informação. Segundo a agência de notícias oficial de Minas Gerais, “cada Uaitec terá uma sala de inclusão digital e duas salas de educação à distância, montadas com equipamentos de videoconferência para atender até 50 alunos simultaneamente. O espaço contará também com um laboratório vocacional, sala de professores e o Núcleo de Atendimento Empresarial (NAE), que disponibiliza ferramentas teóricas e práticas para incentivar e apoiar o desenvolvimento de micro e pequenas empresas.”

sábado, 17 de novembro de 2012

Brasil inacabado

Sampa. Sai cedo, tênis, casaco de couro... De minha casa andei uns 2 km até o Mercado Central. Beleza. De lá, sempre a pé, pensei em ver o que estava acontecendo na Pinacoteca. Como cheguei cedo, entrei no jardim da Luz para fazer hora, exatamente uma hora. Eu gosto muito desse jardim. Quando estudante (engenharia, Escola politécnica da USP, vocês já sabem, não me formei, abandonei em 64, depois d...
o golpe...), eu dizia, quando estudante morava na casa do Politécnico, perto ali do Jardim da Luz. Muitas vezes passei por ali e admirava as árvores, os lagos, as estatuas... Continuo gostando mas hoje, andando por ali, eu me perguntava, "por que uma coisa que deveria ser tão bonita, é tão feia, tão desleixada?" - os canteiros de rosas, quase todos tomados pelo mato; a água dos lagos uma imundície, apesar das belas carpas; o aquariozinho com "janelas" de vidro, tudo sujo, posso dizer que nojento. Lamento dizer, mas é coisa de Brasil. Somos o rascunho de um projeto que caminha mas assim. Eu mesmo me questiono, penso que a beleza, em povos mais antigos, era símbolo de poder, valor simbólico do poder. Porisso artistas, mesmo os maiores, trabalhavam para os poderosos e esses quase sempre sonhavam com obras essencialmente belas, como representação do próprio poder. Aqui a classe dominante pode curtir essa beleza em seus guetos, em suas salas, museus, casas. Os espaços públicos, - ah já temos isso em outros países que podemos visitar... As praças, então são do povo, como os céus são da operação condor. Não é tudo o que penso mas é um bocado do do que sinto...

domingo, 4 de novembro de 2012

Sapucaia, nossa castanheira

Sapucaia.  É uma árvore castanheira, deu nome a rios e cidades do sul de Minas, na Mantiqueira. Deve estar em extinção. Sua castanha, vejam a foto, lembra um capacete de ciclista...
... É como a do Pará, mas mais suave, excelente. Descobri que num parque aqui de São Paulo tem várias árvores. Coinsegui um dia catar duas peças já vazias (foto) e também algumas castanhas caidas à noite ( a árvore é alta). Delícia. É o Parque Trianon, em frente ao Masp, NA aV. pAULISTA. Sugiro aqui que os responsáveis pelo Parque catem e guardem as castanhas para presentear usuários e também para produzir mudas. Vamos salvar a Sapucaia, nossa castanheira!
Foto: Sapucaia. Vi agora, ao digitar, que há muitos amigos com esse sobrenome. É uma árvore castanheira, deu nome a rios e cidades do sul de Minas, na Mantiqueira. Deve estar em extinção. Sua castanha, vejam a foto, lembra um capacete de ciclista... É como a do Pará, mas mais suave, excelente. Descobri que num parque aqui de São Paulo tem várias árvores. Coinsegui um dia catar duas peças já vazias (foto) e também algumas castanhas caidas à noite ( a árvore é alta). Delícia. É o Parque Trianon, em frente ao Masp, NA aV. pAULISTA. Sugiro aqui que os responsáveis pelo Parque catem e guardem as castanhas para presentear usuários e também para produzir mudas. Vamos salvar a Sapucaia, nossa castanheira!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

opinião sobre meus filmes

Leo Costa
Prezado João: Peço sua licença para deixar uma mensagem mais longa.
Sempre fui seu admirador, para ir lá longe, tinha eu uns 14 anos e fiz um curso com o falecido Roberto Santos, quando ouvi e vi um filme seu pela primeira vez e , menino, passei a saber que existiam formas outras de se contar histórias e isso foi fundamental para o caminhar de minha vida, definir linha de conduta poética e política. João Batista e Glauber no princípio deste genesis de meu universo.
O tempo passou, rodei mundo, estudei cinema , tive filhos e voltamos a viver em SP.
Soube, pelos jornais e pelos seus "posts" aqui que seria Diretor do Memorial da América Latina e fiquei muito feliz porque acho aquele lugar um dos mais charmosos e interessantes desta cidade.
Há anos havia deixado de frequentar aquele espaço por achar que um brilho lá havia perdido, algo tinha mudado. Meus meninos, quando dos cinco anos, eram "doentes" de vontade de ir lá. Mas isso foi se esvaindo, por conta de ter "perdido a mão", algo lá ficou longe, demasiado subjetivo para verbalizar ou adjetivar.
Voltamos lá na semana passada, os meninos agora com 12 anos e encontramos aquele brilho novamente, uma alegria, um espaço feliz, uma casa alegre.
Entenda isso não como uma crítica aos gestores anteriores, não se trata disso, apesar de eleitor do PT, sou admirador do governador Geraldo Alckmin e sei que as escolhas dele na maioria das ocasiões são muito boas e bem fundamentadas. Digo isso para elogiar sua gestão, para enaltecer o que vi e combinamos , eu, os meninos e a Patrícia, minha companheira, que teria que dizer isso para você.
E assim sigo te admirando e ficando feliz porque muitos dos que admirava "se perderam" em posturas egoicas e contraditórias(sei que isso é do Homem, mas...) e é isso.
Para te elogiar no dia de Drummond, outro mineiro fabuloso e te agradecer pela integridade que sempre vejo em suas posturas e pelo seu trabalho. Obrigado mesmo, de todos nós aqui de casa
  •  
    João Batista Andrade
    Muito obrigado, Leo. Posso copiar sua mensagem em meu blog?
     
  • Leo Costa
    Pode sim, sem problemas. Grande abraço
  • segunda-feira, 29 de outubro de 2012

    eleições 2012: fim?

    Estamos todos ainda no porre eleitoral. Bom ganhar, ruim perder e, de qualquer maneira, bom para a democracia. Análise dos resultados revela a pluralidade partidária e muitas indefinições. Poderosos de todos os partidos ganham ali, perdem em muitos outros lugares. Brasil, felizmente não tem dono. Resultado disperso aponta para uma intensa atividade politica na busca de formação de blocos, renovação e de um bloco hegemônico até as eleições de 2014. A farra agora é outra.

    quarta-feira, 24 de outubro de 2012

    baunilha

    Curiosidade pessoal: tenho, em meu apartamento em sp, um pé de baunilha,na área de frente que uso como jardim. É uma orquidófila, cresce feito um cipó verde, frágil, soltando brotos que crescem também. FUI FAZENDO UM VARAL de corda na área, ela deve estar com uns 20 metros de comprimento com vários ramos, esparramada no varal alto. E solta raizes aéreas que buscam, lá em baixo, qualquer um dos vasos de plantas com terra... É uma verdadeira gibóia vegetal, enorme. Ainda não deu flor, espero que produza seu fruto, a baunilha ( que meu pai colhia nos buritizais de minha terra, Ituiutaba, no cerrado mineiro, para perfumar o fumo de rolo de onde tirava os fiapos para o cigarro, usando seu canivete rodgers)

    quarta-feira, 10 de outubro de 2012

    eleições e futuro

    Brasil está em transe. Julgamentos, disputas acirradas entre modos de fazer política e visões do estado. É bom aproveitar, refletir. Nenhuma dessas questões se esgotará agora, mas há um novo início. Ainda estamos aprendendo a viver numa democracia, tanto pelo fim do pseudo-socialismo autoritário da URSS quanto pelo fim da ditadura militar. Ainda estamos na ressaca, buscando caminhos novos. É preciso paciência e determinação, evitar saídas que nos remetam ao passado.

    sexta-feira, 7 de setembro de 2012

    Discurso de posse Memorial A. Latina


    Prezado Governador,

     

    Esta será a segunda vez que o destino, alimentado por sua generosidade, me coloca em seu governo. Primeiro como Secretário da Cultura, um desafio imenso para quem, como eu, nunca havia provado a experiência de um cargo público. Posso dizer que não me faltava experiência política, pois minha vida aprendeu muito cedo a conviver com pelo menos três paixões: o cinema, a literatura e a politica. Tendências nascidas praticamente juntas, quando meu barco aportou em São Paulo em busca do futuro, para cursar engenharia na Escola Politécnica a partir de 1960, aliás, como colega do ex-Governador José Serra. 

    A tal ponto essas paixões se entrelaçaram, sem jamais perderem suas identidades próprias que por várias vezes sofri reprimendas por me ligar tanto à politica, em detrimento principalmente do cinema. Mas é uma crítica injusta. Pois apesar de ter estado, desde o início dos anos 1960 e principalmente sob a ditadura militar, ter estado mergulhado na ação política, nunca deixei nem de escrever nem de filmar. Tanto que sou um dos cineastas com mais filmes nesse país, além do trabalho na TV, onde destaco o programa “Hora da Notícia”, na TV Cultura entre 1972 e 1974 com Fernando Pacheco Jordão e Vladimir Herzog. E o “Globo Repórter”, entre 1974 e 1982, lembrando que era um programa de sucesso  criado e realizado por cineastas brasileiros até o momento de minha saída, quando já estávamos sendo substituídos por repórteres.

    Na Secretaria, Senhor Governador, fizemos o que foi possível, contando, aliás, com uma parceria que só nos engrandecia, a do amigo Fábio Magalhães como Adjunto. E a participação fundamental, na área de museus, do agora Secretário da Cultura, Marcelo Araujo. Penso que o balanço foi bastante positivo: em apenas dois anos de gestão, reestruturamos inteiramente a Secretaria,  desenvolvemos  um projeto de rearticulação e fortalecimento dos museus paulistas, conseguimos de V. Excia a dobra do orçamento encontrado.  Reiniciamos e inauguramos o Museu da Lingua Portuguesa, com todo seu sucesso. E, para saltar sobre feitos, conseguimos, com o incentivo e apoio fundamentais de V.Excia, elaborar  colocar em prática uma lei da Cultura, sonho de décadas do setor cultural deste estado: O PROAC, programa de ação cultural que, aprovado na Assembléia Legislativa, sancionado por V. Excia,  tem tido um papel fundamental também de sucesso no incentivo à produção cultural em São Paulo.

    É preciso que eu faça aqui um elogio a V.Excia, Governador. Pois além do apoio que mereci de V.Excia, o senhor mostrou para mim o tipo de político que é: exigente, atento, rigoroso mas extremamente respeitoso, jamais permitindo que as decisões da politica cultural fossem tomadas fora da própria Secretaria e do Secretário.

    Muito obrigado por essa confiança e, posso dizer mesmo, amizade desenvolvida nesse rico período de aprendizado em minha vida.

     

    Agora, o desafio novo se chama Memorial da América Latina.

    “Bom, agora ele já não é mais estreante”, dirão.

    Nada disso. Como cineasta sempre disse que cada filme iniciado é o reinício de uma carreira: esfria a barriga, tira o sono.

    E agora vejo que é assim também na política.

     

    E, além de tudo, o novo desafio vem com palavras que mexem com a emoção e minha própria formação tanto como político quanto como escritor e cineasta: América Latina.

    O Memorial da América Latina nasceu e se tornou realidade banhado nas águas dessa emoção, na sensualidade da obra de Oscar Niemeyer e nos sonhos de Darci Ribeiro, duas das melhores referências de brasilidade e de encantamento, criadores que  acreditaram na possibilidade  de um mundo novo filho tanto dos povos originais americanos quanto da cultura e das novidades, - e também a violência,  trazidos pelos estrangeiros, portugueses, espanhóis.

    Esses sonhos alimentaram minha geração, desde a adolescência, nos anos 1950. Sonhos de busca de um futuro melhor para milhões de latino-americanos, povos subjugados pela violência de dirigentes que governavam para si mesmos e para os detentores das riquezas nacionais.

    Sonhos que nos levavam ao paroxismo do sofrimento, da dor, embalados pelas agudas expressões culturais de resistência e belezas originais de todos esses povos. Os cineastas com seus filmes, os cantores com suas canções que ora pareciam lamentos ora pura rebeldia, os poetas, os escritores com uma literatura espantosamente política e refinada, atores e dramaturgos revolucionários, artistas plásticos renovadores e donos de sensível espírito crítico e inconformista, - toda uma cultura de extrema beleza e emoção, que formava o rio de esperança e de luta pelo qual navegávamos rumo a um esperado futuro melhor, mais justo, menos violento, de mais oportunidades para todos, sem exclusões.

    A América Latina, apesar de tantos avanços nas últimas décadas, ainda carrega muito dos males que tanto nos incitavam à luta, à denúncia.

    Mas há grandes mudanças em cursos.

    Podemos dizer, quase como verdade absoluta, que estão superados os terríveis dias, noites, meses, anos, décadas de ditaduras militares que tanto nos feriram, feridas que certamente não foram ainda devidamente curadas, tamanho é o mal que as ditaduras provocam nas sociedades.

    Pode-se dizer hoje que cada país busca seu caminho, saindo das noites tenebrosas para a luz da democracia.

    É uma construção complexa e difícil.

    E, de cada país, de cada povo, olhamos para os outros tentando compreender. Algumas vezes com entusiasmo, muitas vezes com ceticismo, às vezes mesmo com críticas severas.

    Aprendemos, Governador Alckmin, Ministro Almino, a valorizar a democracia, acima do que ouso chamar de nosso açodamento primordial em implantar projetos prontos, como paraísos que, desta forma acabaram se revelando perigosos e mesmo inviáveis, apesar da riqueza e da generosidade dessas propostas que também alimentaram minha geração.

    Aprendemos a respeitar a democracia, “como valor universal”.

    O fundamental é isso, que a diversidade de caminhos respeite essa universalidade primordial, que tudo se construa com o pensamento na melhoria da vida de milhões e absoluto respeito aos direitos humanos, aos direitos universais do ser humano com sua sociabilidade, sua cultura, sua territorialidade.

    Aqui entre nós, o Memorial tem sido a busca de um relacionamento aberto com esse universo de tão diversificado espectro político e cultural. Com essa ideia meus antecessores empenharam seus esforços fazendo que o Memorial se tornasse um importante instrumento de intercâmbio, estudo e divulgação do mundo latino-americano, principalmente através do CBEAL, o Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, agora dirigido por Adolpho José Melfi, ex- reitor da USP e intelectual que vem fazendo um belo trabalho  de relacionamento e de publicações sobre a história e desafios da América Latina.

    Essa busca terá continuidade nessa gestão.

    O Memorial tem sido também palco de importantes eventos em todas as áreas da cultura, quase sempre voltados para nossa latinamericanidade.

    Cinema, Teatro, artes plásticas, culturas populares, música, circo, todas essas formas de expressão culturais tem encontrado no memorial o espaço e o apoio para se apresentarem.

    Devemos intensificar e diversificar essa programação, divulgá-la mais, atrair mais parceiros. Queremos uma maior participação do cinema brasileiro, do teatro, dos músicos, dos grupos de expressão popular, do samba, do repente, do circo, dos artistas plásticos.

    Ao mesmo tempo, Sr Governador, trataremos de buscar um maior reconhecimento do Memorial primeiro pela própria população paulistana, que recebeu em seu espaço essa oferenda carregada de sonhos, ideias, possibilidades. Depois pelos cidadãos desse Estado, através de contatos, itinerâncias e visitas programadas em parceria com prefeitos do interior. É preciso que todos tenham  possibilidade de visitar e frequentar esse espaço tão generoso de nossa cidade. E, ali, em qualquer que seja o atrativo, descobrir a riqueza de nossa programação, a beleza arquitetônica de nosso espaço, a diversidade das culturas latino-americanas.

    Agradeço ao senhor, Governador, por mais esse gesto de confiança. Agradeço também ao Secretário da Cultura Marcelo Araújo pelo empenho em minha vinda para mais esse desafio.

    E ao Presidente do Conselho do Memorial, Almino Afonso pelo apoio e amizade.

    Muito obrigado a todos.                                

    quinta-feira, 6 de setembro de 2012

    Doc Travessia, TV Brasil dia 7\set

    Travessia



    Gerações sob influência da ditadura militar e da abertura política
    Travessia, de João Batista de AndradeTravessia, de João Batista de AndradeTravessia, de João Batista de Andrade, é um documentário baseado em depoimentos de vida sob a ditadura militar. Apresenta reflexões de pessoas que tiveram uma participação expressiva nesse período, seja a favor ou contra o Golpe de Estado.
    O filme traz uma discussão pública e um debate sobre os caminhos divergentes de luta, a travessia das fronteiras e o Brasil de hoje, pós-ditadura. Entre as muitas novidades, pela primeira vez a participação reveladora de Maria Paula Caetano, a organizadora das Marchas da Família com Deus pela Liberdade, contra o governo João Goulart e que propiciou o apoio público/civil, ao golpe de estado de 1964. 79 min.
    Título original: Travessia. Ano: 2009. Gênero: Documentário. Direção: João Batista de Andrade 
    TV BRASIL dia 07/set/2012  22:30 hs
     

    quarta-feira, 5 de setembro de 2012

    Posse no Memorial da America Latina

    João Batista de Andrade é o novo presidente do Memorial

    set 04, 2012 Sem comentários

    O cineasta e escritor João Batista de Andrade será empossado na presidência da Fundação Memorial da América Latina nesta quarta, 5 de setembro, em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. Sobre isso ele escreveu em seu blog: “É mais uma volta em minha atribulada carreira. A politica, como o cinema, faz parte de minha vida adulta, desde que vim para São Paulo cursar a Universidade, em 1960. Não posso e nunca quis negar. Nessa dualidade atravessei esses quase 50 anos de muita luta como político e como cineasta. Muitos sonhos, muitos filmes, muitos revezes mas também muitas vitórias.”
    Ele foi saudado por alguns de seus colegas cineastas. Nelson Pereira dos Santos, por exemplo, mandou a seguinte mensagem: “Parabéns, João Batista! Mais um desafio à sua vocação de guerreiro. Faço votos de muito sucesso e de lindas vitórias!” Já Roberto Farias escreveu: “O bom cineasta é um ser de multiplos talentos. Sem dúvida você encontrará caminhos e ligações entre o Memorial e o cinema brasileiro. Parabéns.”
    O novo presidente entende que o Memorial é o lugar da América Latina em São Paulo e no Brasil. Esse é seu significado maior e isso precisa ser aprofundado. “E um desafio novo para mim, que me tem feito refletir sobre a nossa relação com a América Latina”, antecipou. A cerimônia de posse terá a participação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e dos membros do Conselho Curador do Memorial, Marcelo Araújo, Secretário de Estado da Cultura, João Grandino Rodas, Reitor da USP, Ruy Altenfelder e Almino Affonso, além de convidados.
    Segundo João Batista, o Memorial deve estabelecer uma relação maior com o público, para que ele reconheça esse papel e aqui venha permanentemente ao encontro das manifestações culturais latino-americanas. “E um lugar lindíssimo, feito por um dos maiores arquitetos do mundo, Oscar Niemeyer, e a concepção é do grande antropólogo Darcy Ribeiro. As pessoas precisam conhecer isso muito bem”. Em 2006, como Secretário Estadual de Cultura, João Batista idealizou o Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, realizado pelo Memorial na gestão Fernando Leça. Até hoje é um dos principais programas de diálogo cultural promovido pela instituição.
    Neste ano de 2012 João Batista foi eleito para o Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, na qual participa de uma comissão de programação da TV Cultura. Agora, ao assumir a presidência do Memorial, João Batista repensa a relação da sua geração com os artistas latino-americanos. “Havia um terceiro-mundismo que hoje não existe mais. Os países estão todos e cada um mais preocupados em se auto-afirmarem economicamente. Não há mais ideias revolucionárias”, conclui.
    João Batista de Andrade dirigiu importantes filmes da cinematografia brasileira (com diversos prêmios nacionais e internacionais),

    José Dumont é o poeta popular Deraldo, em “O homem que virou suco”
    como “Doramundo” (1978), “Wilsinho Galiléia” (1978), “O Homem que Virou Suco” (1980), “A Próxima Vítima” (1983), “O País dos Tenentes” (1987) e “Vlado: Trinta Anos Depois” (2005). Como romancista lançou “Perdido no Meio da Rua” (1989), “A Terra do Deus Dará” (1991) e “Um Olé em Deus” (1997), entre outros. Como documentarista, trabalhou na TV Cultura e na Rede Globo, no programa Globo Repórter.
    Paralelamente à sua carreira artística, o cineasta atuou como gestor cultural em diversas frentes. “Sempre foi assim”, ele conta, “desde quando, em 1960, vim para São Paulo estudar engenharia na USP”. Natural da cidade mineira de Ituiutaba, só ao chegar na grande metrópole perceberia como lhe faltava informação (“veja, informação, e não formação”, sublinha). Então mergulhou de cabeça no mundo cultural da época, sorvendo as várias linguagens artísticas na ebulição do início dos anos 60.
    “Na época morava no 7º andar da Casa do Politécnico, no centro da cidade, conhecido como o “andar vermelho””. Ali iniciou sua militância no PCB (Partido Comunista Brasileiro) e passou a publicar um jornalzinho literário. Fazia parte de um grupo chamado Escola Psico Realista. “Costumo dizer que houve um parto triplo em mim, em que nasceram ao mesmo tempo o cinema, a literatura e a política”.

    Em “A Próxima Vítima”, Antonio Fagundes vive um repórter ingênuo
    Esse seu lado político sempre esteve presente, mas João Batista soube delimitar as áreas. “Não misturava os campos, a ação política não influenciava minha obra diretamente e vice-versa.” Essa característica ficou clara quando coordenou a Comissão de Cultura na campanha de Franco Montoro para o governo do Estado, em 1982. “Ia até as pessoas, Gianfracesco Guarnieri, Darcy Penteado e outros artistas, e dizia que eles tinham que se envolver e participar porque era muito importante, naquele momento, que o Montoro ocupasse o governo do estado”. Mas, sintomaticamente, no ano seguinte, João Batista lança o filme “A próxima vítima”, no qual personagens se perguntam se algo vai realmente mudar com a vitória da oposição…
    Em maio de 2005 João Batista de Andrade assumiu a Secretaria de Cultura, a convite do governador Geraldo Alckmin. Neste cargo concebeu um projeto de lei de política cultural para o Estado que resultou no ProAc – Programa de Apoio à Cultura, celebrado pela classe artística. “Chamei para conversar todas as tendências políticas. Redigi o ProAC em contato permanente com os movimentos culturais”, lembra. O cineasta e agora presidente do Memorial conta que não atendeu exatamente o que eles pediam mas, como sempre buscou a “racionalidade na ação política”, quando saiu da Secretaria em janeiro de 2007 deixou um programa permanente e estruturante de apoio aos produtores culturais, especialmente os iniciantes.
    Por Eduardo Rascov
    Fotos Luiz Tristão

    quarta-feira, 29 de agosto de 2012

    Memorial da America Latina

    Mensagem que enviei aos amigos do Cinema Brasileiro

    Prezados amigos
    Companheiros do Cinema Brasileiro

    Acabo de ser nomeado Diretor-Presidente do Memorial da América Latina, em São Paulo.
    É mais uma volta em minha atribulada carreira.
    A politica, como o cinema, faz parte de minha vida adulta, desde que vim para São Paulo cursar a Universidade, em 1960.
    Não posso e nunca quis negar.
    Nessa dualidade atravessei esses quase 50 anos de muita luta como político e como cineasta.
    Muitos sonhos, muitos filmes, muitos revezes mas também muitas vitórias.
    E agora, mais uma vez, devo me afastar do cinema por algum tempo.
    Evidentemente quero e vou voltar.
    Nenhum projeto será cancelado, -deixarei apenas de ser produtor de alguns projetos e adiarei outros.
    Tal como fiz quando assumi a Secretaria da Cultura SP, em 2005, venho solicitar a exclusão de meu nome nas listas do cinema brasileiro.
    Como integrante do Governo de SP, não me sentiria a vontade nessas listas.
    Seria pouco ético.
    Como Presidente do Memorial, penso em desenvolver muitas atividades.
    Uma delas, evidentemente, será o Cinema latino-americano.
    E para isso eu gostaria de contar com o interesse a a participação fundamental dos cineastas brasileiros.
    Muito obrigado,
    João Batista de Andrade

    Recebi muitas dezenas de mensagens de apoio.
    Publico aqui duas dessas mensagens, de cineastas cujas vidas e ações fazem parte dos fundamentos de nosso cinema e de minha própria carreira:

    Nelson Pereira dos Santos:
    Parabéns, João Batista!
    Mais um desafio à sua vocação de guerreiro. Faço votos de muito sucesso
    e de lindas vitórias!
    Um abraço
    Nelson Pereira dos Santos


    Roberto Farias:
    Caro João Batista.

    Parabéns. O bom cineasta é um ser de multiplos talentos. Sem dúvida você encontrará caminhos e ligações entre o Memorial e o cinema brasileiro. Parabéns.


    segunda-feira, 20 de agosto de 2012

    Dia do ator

    Dia dos atores: Muito obrigado Paulo Autran, Antonio Fagundes, Rolando Boldrin, Marco Ricca, John Herbert, Mayara Magri, José Dumont, Oton Bastos, Guarnieri, Fernando Peixoto, Eva Wilma, Simone Spoladore, Giulia Gam, Armando Bogus, Irene Ravache, Lorival Paris, Galizia, Laerte Morroni, Gabriela, Fernandinho, Sergio Hingst, Rodrigo Santiago, Aldo Bueno, Campozana,, Paulo César Pereio, Joana Fomm, ...
    Celso Frateschi, Célia Maracajá, Louise Cardoso, Ester Goes, Barrinhos, Denise del Vechio, Paulo Weudes, Gilberto Moura, Denoy, Ruth Escobar, Rafael de Carvalho, Ruthneia de Moraes, Silvia Leblon, Joao Acaiabe, Walter Breda, Buza Ferraz, Del Cueto, Cassia Kiss, Ricardo Petraglia,Flavio Antonio, Tonico Pereira,Ze Carlos Machado, Kaio Pezzuti, oberto Bontempo, Carmem Moretsohn, Mutilo Grossi, Luciano Porto, Henrique Rovira, Leticia Sabastella, Cida Moreira, Ângelo Antônio, Augusto Pompeu, Itamar, Mauri de Castro, Breno Moroni, Cida Mendes, Christine Fernandes, Luciana Braga, André Jorge, Gracindo Jr, Julio Van, Guido, Umberto Magnani, Leonardo Vieira, Leopoldo Pacheco,Antonio Petrin, Ailton Graça, Marcela Moura, Bentinho, David Leroy, Bahia,  E A TANTOS E TANTOS OUTROS ATORES E ATRIZES, por terem me concedido o privilégio de contar com sua ajuda, criatividade e confiança nesses quase 50 anos de cinema