sábado, 17 de novembro de 2012

Brasil inacabado

Sampa. Sai cedo, tênis, casaco de couro... De minha casa andei uns 2 km até o Mercado Central. Beleza. De lá, sempre a pé, pensei em ver o que estava acontecendo na Pinacoteca. Como cheguei cedo, entrei no jardim da Luz para fazer hora, exatamente uma hora. Eu gosto muito desse jardim. Quando estudante (engenharia, Escola politécnica da USP, vocês já sabem, não me formei, abandonei em 64, depois d...
o golpe...), eu dizia, quando estudante morava na casa do Politécnico, perto ali do Jardim da Luz. Muitas vezes passei por ali e admirava as árvores, os lagos, as estatuas... Continuo gostando mas hoje, andando por ali, eu me perguntava, "por que uma coisa que deveria ser tão bonita, é tão feia, tão desleixada?" - os canteiros de rosas, quase todos tomados pelo mato; a água dos lagos uma imundície, apesar das belas carpas; o aquariozinho com "janelas" de vidro, tudo sujo, posso dizer que nojento. Lamento dizer, mas é coisa de Brasil. Somos o rascunho de um projeto que caminha mas assim. Eu mesmo me questiono, penso que a beleza, em povos mais antigos, era símbolo de poder, valor simbólico do poder. Porisso artistas, mesmo os maiores, trabalhavam para os poderosos e esses quase sempre sonhavam com obras essencialmente belas, como representação do próprio poder. Aqui a classe dominante pode curtir essa beleza em seus guetos, em suas salas, museus, casas. Os espaços públicos, - ah já temos isso em outros países que podemos visitar... As praças, então são do povo, como os céus são da operação condor. Não é tudo o que penso mas é um bocado do do que sinto...

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