quarta-feira, 28 de maio de 2014

Não es pó

FB 28Mai2014

Pensar em plumas não me faz voar
Pensar em chumbo não me afunda
Pensar em números não me faz ganhar
Mas pensar em ti me faz feliz

Matéria estranha o pensamento
Sem átomos e sem lugar no mundo
Ave esguia, escapa das edições
Dilacera, alegra, converte, ensina
Sobrevive ao fogo que queima os papéis
Nem é pó e nunca será
Nem é pó e nunca será
Nem é pó e nunca será

O que há de melhor em mim
Agarra-se aos meus pensamentos
Vibra, são os sentimentos
Que se recusam a morrer comigo.


João Batista de Andrade

sábado, 24 de maio de 2014

Inércia teórica

FB 22 ou 23Maio 2014
Publiquei e depois tirei, achando que estava imaturo ( sei não...):
 "A greve dos motoristas chama nossa atenção para algumas questões importantes. Uma delas é deixar claro que a luta de classes pode não ser a mesma analisada pelos clássicos, mas persiste. E não se dá só aqui, no conforto da internet, entre usuários socialmente muito parecidos. Os trabalhadores ali estão lutando por melhores salários e mais proteção. A greve de agora nos faz lembrar do que é uma greve: incomoda e paralisa a sociedade, daí sua força, gostemos ou não. Terceiro, ver como os governantes se apressam sempre a aplicar as mesmas pechas sobre o movimento: baderneiros, sabotadores, "não deixam a maioria trabalhar" (na presunção de que é o que essa "maioria" queria). Nesse item, parece que o governo se sente traído, já que tudo fez pelos trabalhadores. E quarto, que a selvageria da greve mostra que os sindicatos estão longe de seus representados, - na verdade já não os representam. E isso dificulta negociações. É preciso se perguntar porque essa decadência dos sindicatos. Por último, mais uma vez, vemos que certas leis ( como a proibição de greves no setor público) não funcionam mesmo no Brasil, pois uma lei deve ter por pressuposto que a sociedade está afim de acatá-la. Leis são sempre fracas diante de uma realidade adversa.

FB 24Mai2014

Há uma inércia do pensamento político diante do desejo de mobilização da sociedade. Os fatos estouram em nossa cara e o mais que ficamos é perplexos, sem palavras. É preciso tentar, errar no texto, na fala, ouvir, corrigir. Ficar mudos não! - ou toda essa ânsia de participação se esvairá na falta de projetos e diante da dificuldade dos intelectuais e dos partidos em formularem propostas, oferecer análises menos recuadas, avançando para o que fazer. Mudar o país, como todos nós queremos não pode ser só aqui, na internet. Aqui pode ser um bom espaço para pensar, trocar idéias, provocar um embate sobre coisas mais consistentes do que nossas religiões políticas.


Minha postagem inicial sobre a GREVE estava mesmo imatura, eu queria trabalhar mais. Mas uma coisa eu digo: não é possível ficar impassível diante do que aconteceu, uma greve que há muito não víamos e que parou tudo, deixando um rastro de sofrimento e também de perplexidade dos governantes que já não sabem como lidar com isso.


terça-feira, 13 de maio de 2014

poemas

Facebook
FB 29 abril 2014

Diante do prato, náusea/ diante da água, náusea/ diante da luz, náusea\ diante da carne, náusea\ diante do fogo, náusea\ fera diante da caça\ mendigo diante da esmola\cristão diante da cruz\menino diante da lousa\menina diante da flor\perto do fim, o começo\ perto da luz, a escuridão. Diante do amor, toda luz\ diante da dor, a carícia\ diante de ti, o silêncio.



FB 04\mai\2014
ANJO
Carente de amor
Um belo anjo me seduziu
Tinha lábios carnudos
E uma floresta de desejos tantos
Que me vi febril.

No dia seguinte eu quis de novo
Daquele mel de encantos
E o anjo de novo me serviu
Embora exigisse agora
Que eu rezasse uma ave-maria

No terceiro dia quase enlouqueci
Perdido entre florestas e cidades
Em busca desse amor

Finalmente eu o encontrei
O anjo de asas multicores
Que agora me pedia o terço
E um ramalhete de flores

Ando perdido agora, no desespero
E ao anjo prometo tudo,
Uma reza, um terço, um amém
Que meu amor seja eterno e cego
E que tudo meu seja dele também
E mais dele do que meu


Na verdade, o poema deveria terminar assim; Hoje ele já não me serve/ E quem lhe serve sou eu



FB 13 maio 2014
um homem médio/ caminha sempre pelo meio/mede-se frequentemente, o homem médio// um homem médio se declara sempre inocente/ a voz ondula feito ondas médias// um homem médio jamais se altera/vive para ser a média// um home médio prefere ser medíocre/ e nem quer ser meio algum/ figura nas estatísticas assim/ o ponto neutro na vida// o homem médio vota sim/ com medo de descer na vida// um homem médio é inofensivo/ nem briga com os vizinhos/ nem repara no custo de vida// um homem médio respira pelo nariz/ assopra pela boca/ pensa sempre no fim de semana// um homem médio respeita a esposa e se desvia das pessoas deitadas na rua// o homem médio é o fim/ fim do conflito, fim da utopia/ vivo ou morto, figura sempre no miolo das estatísticas. Anda, homem, anda!- grita, xinga!
JBA 13/mai/2014