quinta-feira, 8 de outubro de 2015

ElogiosOut2015

1- Pelo Facebook:

O Fisico que virou suco finalmente se encontrou pessoalmente com o Documentarista Quantico João Batista de Andrade. Diretor de filmes imperdíveis (tentei escrever o impacto que cada um teve na minha vida, mas a postagem teria km, vou escrever aos poucos) e autor de livros deliciosos, dono de um olhar critico e de uma habilidade em contar histórias abstraindo a realidade cotidiana para algo mais atemporal, J.B. é um heroi, dono de uma coragem impensável para os dias atuais, mesmo com sua fala mansa e firme. Uma coragem ainda hoje rara !
E ainda tive o privilégio de ver ao seu lado, o primeiro filme completo (e censurado): Liberdade de Imprensa de 1967. Filme onde sua linguagem já é bem definida.
J.B. obrigado por sua obra. Ela me comove, me guia, me faz ser um cidadão mais questionador.


2- E-mail  06Out 2015:
Entrevista
João Batista de Andrade
Priscila Sales e Guilherme Providello

Os trabalhos do cineasta e escritor João Batista de Andrade – e aqui o plural não é mera concordância gramatical – sempre estiveram presentes no cotidiano dos entrevistadores que aqui escrevem. Seja por meio da imagem em movimento, dos passeios pelas páginas de seus livros, das discussões na mesa do café sobre os temas que seu trabalho provoca ou mesmo colhendo os frutos de suas políticas culturais que ressoaram aqui, numa cidadezinha do interior. O contato, pouco formal pelas redes sociais, permitiu-se avançar, e a receptividade generosa pelo universo virtual nos levou ao Memorial da América Latina para uma entrevista. Ou melhor, para um diálogo, porque observamos naquele momento manifestar-se sua capacidade de intervenção: um roteiro de perguntas que vimos se desdobrar em outras paragens. Não poderia ser diferente, estávamos diante de uma pessoa cindida entre emoção e razão. Como nos contou: “sou uma pessoa essencialmente emotiva e acho que essa racionalidade veio para me aguentar”. Dono de uma trajetória marcada pela história política brasileira dos últimos 50 anos, suas obras enunciam uma vontade de intervir e provocar a sociedade. Por meio de um percurso criativo e distante de um discurso polarizador, elege o diálogo como ferramenta para incitar a reflexão. Neste caso, pouco importa se tem em suas mãos uma câmera ou uma caneta. Cineasta engajado – mas que não se importa em vestir uma gravata para atuar na direção de instituições culturais – trouxe às telas mais dúvidas do que certezas. Juntamente com outros cineastas, ousou levar à TV documentários que mostravam “um Brasil não oficial”: um ruído que versava contra a autoridade e o conformismo.  Uma vasta obra cinematográfica que não nos deixa esquecer a complexidade de um passado de ditadura: não para nos lembrar que esse passado existiu, mas para discutir esse passado em nossa atualidade. João Batista de Andrade transitou por diversas esferas: da militância dos movimentos sociais na década de 1960, criou produtoras e festivais, escreveu livros, seus filmes ganharam o mundo e diversos prêmios, produziu documentários para TV, trabalhou na Cinemateca Brasileira, foi Secretário da Cultura do Estado de São Paulo e atualmente é presidente da Fundação Memorial da América Latina. Não por acaso, em 2014, recebeu o Prêmio Juca Pato como “Intelectual do Ano” e o Prêmio de Direitos Humanos da OAB. Enfim, uma trajetória intensa, multifacetada e cheia de inspirações tão cultivadas no palco da arte e da política, ou da política e da arte, distinção realmente difícil de mensurar. Sensível às questões sociais travestidas em imagens, literatura e ações, João Batista de Andrade observa “tenho uma relação direta com a vida”, axioma presente em cada linha desta entrevista.