domingo, 27 de julho de 2014

Poema ESCADA

poema ESCADA  (FB 27Jul2014)


ESCADAS

Dia nublado, chuva fina
Tantos compromissos pela vida
Abro a janela, a cidade molhada e fria
Há muito tempo não vejo ali um ser humano

Quem sabe ainda estarei dormindo
E o mundo segue sua vida
Sem se importar comigo
E com esse vazio

Vejo vultos, velozes, sombras fugidias
Passam pela rua espirrando água
Embora não haja quem molhar
Volto a dormir

Toca o celular
Abro os olhos, devagar
Para que a vida não se espante
E não me deixe onde não quero estar

jbA

domingo, 13 de julho de 2014

Futebol e Modernidade

FB 13 de Julho de 2014

-Nos não erramos. Nem o povo nem o futebol brasileiro. Mudar exige movimento e ate mesmo os reveses. Nos temos uma formação histórica, o povo brasileiro mudou muito desde o início do século passado quando os movimentos sociais passaram a assumir modernas teorias revolucionários e neste mais de um século vimos o Brasil se modernizar e se internacionalizar na mao do grande capital. E a política ( e a educação) não acompanhou esse processo adequadamente, ainda tomada pelo patrimonialismo incapaz de incorporar a maioria da população nessas mudanças. Estão ai a precariedade da educação, da saúde e também a péssima composição dos parlamentos. Pode-se até lamentar mas uma grande parte da população sente isso e tenta sair da ingenuidade de nosso futebol conduzido ainda por velhas elites ainda muito ligadas à ideia de um processo de ascensão social, muito espontaneísmo e pouco preparo. Isso se reflete no comportamento dos jovens que precisam sonhar com um país sem o controle dessa velha ingenuidade, um pais que busque uma cultura nova capaz de enfrentar a dureza e até mesmo a crueldade do sistema capitalista em todo o mundo. E ao mesmo tempo evitar que velhas formas, cativantes mas perigosas e inoperantes, ocupem o lugar dessa nova luta.


-Em meu texto anterior, quando eu me refiro ao início do século XX penso nas intensas mudanças no que seria o povo brasileiro>: de um lado, ex-escravos miseráveis e sem preparo, de outro, imigrantes de muitos países com formação cultural mais definida, como Japão, Itália, Espanha e árabes. Os imigrantes trouxeram um sentido novo para a luta social e também formas novas de ascensão social, compreendendo os mecanismos do sistema capitalista. Os ex-escravos e seus descendentes sofreram e ainda sofrem até hoje a forma irresponsável do fim do absurdo da escravidão, jogando os escravos numa forma de liberdade que não representava a cidadania, mas a marginalização social. Assim, qualquer brecha de ascensão que não dependesse dessa compreensão representava um presente de ouro. Uma delas, o esporte, particularmente o futebol. O que eu disse, então é que esse ciclo parece ter chegado ao fim. Os processos de ascensão social hoje são outros, através da ação do Estado ou pelo conhecimento. Como não há uma boa política para o conhecimento, parece restar a do Estado. 

terça-feira, 8 de julho de 2014

O Brasil que perde

FB 08Jul14

Nada contra a Copa. Mas há certos Brasís que estão perdendo nessa Copa: o Brasil patrimonialista, o Brasil da CBF, dos cartolas, o Brasil do atraso, o Brasil que pensa que ainda está no século XX, o Brasil da enganação, o Brasil do oportunismo, o Brasil tacanho da política, o Brasil da manipulação, o Brasil que se alimenta da esperança do povo, o Brasil da conversa fiada, o Brasil que troca o preparo pela exaltação ufanista.

ALEMANHA 5, BRASIL 0

FB 08 Jul 14
Intervalo do fatídico jogo semi-final.

Os mais ligados ao futebol que se expressem aqui.
Somos brasileiros, isso dói, incomoda.
Adianta pouco, agora escapar do abismo com críticas.
As cíticas deverão mesmo ser feitas.
Mas críticas para se ir mais fundo, recuperar nossa auto-estima, soterrar essa desmoralização.
Afinal é uma seleção de futebol, não é o país.
Apesar de que ali, no jogo e no coração dos brasileiros, representava o país, como uma "pátria de chuteiras" que eu mesmo esperava que não acontecesse mais.
Pensar no que nos é vital, a capacidade de união e de crítica, a qualidade  
e a paixão que nos move.
Com essa força é que construiremos um Brasil  a cada dia melhor e menos dividido.
Até mesmo com um esporte mais valorizado e diversificado.
E, por que não, com um futebol mais atualizado e competitivo.
Lutei por esse futuro desde a juventude e agora devo esse Brasil renovado a meus netos!

  • Rogério Brasil Ferrari Futebol é simples. Infelizmente para a Copa em casa tivemos um time muito limitado. Chegar à semi foi possível na superação, e contra a Alemanha o treinador subestimou o tamanho da superioridade do adversário. Deveríamos ter jogado com um meio-campo ma...Ver mais
  • Augusto Sevá Caro João ... não é apenas um time ... é o retrato do amadorismo e da irresponsabilidade do país! ... não foi pra isto que lutamos e não é isto que queremos para nossos netos....chega de palhaçada!!! ... vamos dar um fim nisto!!! ... espero que tenhamos a mesma força e coragem que tivemos contra a ditadura militar!!!! CHEGA!!!!
  • Marilia Balbi Ganhou a melhor seleção, hora de modernizar nosso futebol, para que ele volte a ser o futebol de arte.Temos muitos craques, mas que precisam de melhores orientadores. "Nunca mais este Mineiraço! "
    há 2 horas · Editado · Descurtir · 1
  • Pablo Magnoni durante a luta contra a ditadura defendi a união de todos os brasileiros como caminho mais fácil para conquistar a Anistia a Constituinte a liberdade partidaria ou seja um povo unido para derrotar os opressores.Quando o PTganhou senti que tinha finalmente chegado a hora de finalmente juntar a maioria dos democratas para modernizar o pais dependendo menos dos mais conservadores,fomos tratados peloPT como direitistas que neste momento tem que ser extirpada do poder em qualquer nivel.Com pela primeira vez uma lista negra dejornalista que tem que ser extirpada.hoje continuo hacando que podemos unir o povo para governar sem dividir o pais e fazer do Brasil um pais moderno e solidario.perdao me entusiasmei

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Solitânia

Poeira e Lama

Que saudades de Solitânia
Onde se pode viver em paz
Todo sonho, toda alegria
Longe  do horror e da infâmia

Que saudades de Solitânia

Saudades da terra querida
Onde se vive de mel e vinho
Beijos de quem me quer
Abraços de despedida

Em Solitânia me chamam de Nêgo
Sem maldade, sem malícia
Nos abraços, me beijam os ouvidos
Nenhum trabalho, apenas sossêgo
Nas festas só me acalantam
Nos pratos puras delícias

Peço licença aos meus Demônios
Que são parte de minha loucura
E da lucidez de meus sonhos
Sou branco, negro, índio, alma pura
Sou mineiro, paulista, sou fiel e sou cura
Sou crente, agnóstico, sou ateu
Amigo, amante, sou estranho
Viajante, cidadão solitânio
De ti, amor, serei só teu

Que saudades de minha terra
De minha infância vadia
Onde imperava a amizade
E jamais se falava em guerra

Que saudades de Solitânia
Terra de minha infância
Onde a poeira virava lama

E a lama trazia placas de ouro

terça-feira, 1 de julho de 2014

Torcidas e Memória

FB 01Julho2014

TORCIDAS E MEMÓRIA
Incorrigível e eventualmente infantil: tenho torcido para países do terceiro mundo, esperando encontrá-los numa final com Brasil. Seria uma verdadeira festa. Nada contra os países desenvolvidos, vivemos outros tempos. Vale aqui a emoção da memória e também a crítica aos resquícios colonialistas e racistas nesses países, mesmo os mais amigos, como a França, que tão bem acolheu exilados políticos brasileiros. Torci para Argélia, com a emoção da memória de sua guerra de libertação justamente contra a França da era colonialista, - tendo como líder Ahmed Ben Bella, aliás, ex-jogador de futebol. Pela Costa-Rica tão pequeno, sem exército, com tão valente e talentosa seleção. Pelo Chile (apesar de tudo e, claro, menos no jogo com o Brasil), pela lembrança de  Allende e dos sofrimentos sob a terrível ditadura de Pinochet. Pela Colômbia, Gana, Camarões, Uruguai, Argentina, Nigéria, Equador. Se tivesse Vietnã, lá estaria eu torcendo pelos vietcongs derrotando os poderosos Estados Unidos. Se tivesse um time de Moçambique, de Angola, do Congo, lá estaria eu torcendo, pensando no herói Patrice Lumumba, lider africano anticolonialista assassinado em 1961 (reproduzo abaixo texto de sua carta escrita na prisão). O prazer do futebol se mesclaria com minhas lembranças. São lembranças fortes demais, carregadas de extrema emoção. Lembranças que moldaram meu espírito crítico, minha juventude. É verdade, gosto de futebol e coloco esse gosto na companhia das esperanças que cultuei em minha vida. Se o Brasil for campeão, FESTA!, - quero festejar em nome de nosso país e desses países irmãos que têm mostrado sua garra nessa Copa.
ANEXO:
Carta de Patrice Lumumba, preso, escrita poucos dias antes de ser assassinado em janeiro de 1961:
"(...) Não estamos sós. A África, a Ásia e os povos livres e libertados de todos os cantos do mundo estarão sempre ao lado dos milhões de congoleses que não abandonarão a luta senão no dia em que não houver mais colonizadores e seus mercenários no nosso país. Aos meus filhos, a quem talvez não verei mais, quero dizer-lhes que o futuro do Congo é belo e que o país espera deles, como eu espero de cada congolês, que cumpram o objetivo sagrado da reconstrução da nossa independência e da nossa soberania, porque sem justiça não há dignidade e sem independência não há homens livres.

Nem as brutalidades, nem as sevícias, nem as torturas me obrigaram alguma vez a pedir clemência, porque prefiro morrer de cabeça erguida, com fé inquebrantável e confiança profunda no destino do meu país, do que viver na submissão e no desprezo pelos princípios sagrados. A História dirá um dia a sua palavra; não a história que é ensinada nas Nações Unidas, em Washington, Paris ou Bruxelas, mas a que será ensinada nos países libertados do colonialismo e dos seus fantoches. A África escreverá a sua própria história e ela será, no Norte e no Sul do Sahara, uma história de glória e dignidade."