domingo, 13 de julho de 2014

Futebol e Modernidade

FB 13 de Julho de 2014

-Nos não erramos. Nem o povo nem o futebol brasileiro. Mudar exige movimento e ate mesmo os reveses. Nos temos uma formação histórica, o povo brasileiro mudou muito desde o início do século passado quando os movimentos sociais passaram a assumir modernas teorias revolucionários e neste mais de um século vimos o Brasil se modernizar e se internacionalizar na mao do grande capital. E a política ( e a educação) não acompanhou esse processo adequadamente, ainda tomada pelo patrimonialismo incapaz de incorporar a maioria da população nessas mudanças. Estão ai a precariedade da educação, da saúde e também a péssima composição dos parlamentos. Pode-se até lamentar mas uma grande parte da população sente isso e tenta sair da ingenuidade de nosso futebol conduzido ainda por velhas elites ainda muito ligadas à ideia de um processo de ascensão social, muito espontaneísmo e pouco preparo. Isso se reflete no comportamento dos jovens que precisam sonhar com um país sem o controle dessa velha ingenuidade, um pais que busque uma cultura nova capaz de enfrentar a dureza e até mesmo a crueldade do sistema capitalista em todo o mundo. E ao mesmo tempo evitar que velhas formas, cativantes mas perigosas e inoperantes, ocupem o lugar dessa nova luta.


-Em meu texto anterior, quando eu me refiro ao início do século XX penso nas intensas mudanças no que seria o povo brasileiro>: de um lado, ex-escravos miseráveis e sem preparo, de outro, imigrantes de muitos países com formação cultural mais definida, como Japão, Itália, Espanha e árabes. Os imigrantes trouxeram um sentido novo para a luta social e também formas novas de ascensão social, compreendendo os mecanismos do sistema capitalista. Os ex-escravos e seus descendentes sofreram e ainda sofrem até hoje a forma irresponsável do fim do absurdo da escravidão, jogando os escravos numa forma de liberdade que não representava a cidadania, mas a marginalização social. Assim, qualquer brecha de ascensão que não dependesse dessa compreensão representava um presente de ouro. Uma delas, o esporte, particularmente o futebol. O que eu disse, então é que esse ciclo parece ter chegado ao fim. Os processos de ascensão social hoje são outros, através da ação do Estado ou pelo conhecimento. Como não há uma boa política para o conhecimento, parece restar a do Estado. 

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