sexta-feira, 29 de junho de 2012

acomodados

Coisas do Brasil e do passado. Até os anos 60, existia uma tal SUNAB (Superintendencia nacional do Abastecimento). Tabelava tudo. Você pedia uma média (café com leite) vinha direitinho, com aquela medida certa... Hoje, a cada dia as chávenas de média estão menores. Tomei um lanche aqui no Higienópolis, a média parecia uma chícara para café... O prêço?- preço de média em qualquer padaria... Assim acontece também com óleo, o litro passou para 900ml- e por qual razão? - o preço caiu? nem pensar. E assim, exemplos e mais exemplos. É o capitalismo monopolista ainda fazendo acumulação primitiva...Ah nós, brasileiros somos acomodados demais, sô!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A ferrovia do diabo

Quero aqui agradecer ao Superintendente do IPHAN de Rondônia, Alberto Bertagna, pela ajuda ao encaminhar a questão de meu filme "A ferrovia do diabo" para Brasília.

E agradecer também aos organizadores do festival de Curtas, especialmente ao Carlos Levy.  O Festival é que tomou a iniciativa de cancelar as exibições já que, lamentavelmente não conseguimos resolver a tempo os problemas da exibição do filme e minha presença no evento.
Agora, em contato com o IPHAN de Brasilia, estou tentanto recuperar o filme, tirando copia nova a partir do material encontrado na Cinemateca.
É preciso exibir o filme ( de 1981!) como parte das comemorações do centenário da Ferrovia Madeira-Mamoré

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A imagem ausente

Os 15 canais com grade especializada em filmes da TV por assinatura brasileira exibiram filmes 5.738 vezes em 2010. Destes, 908 exibições, o que representa pouco menos de 16%, eram de filmes nacionais. A grande maioria dos títulos locais, no entanto, estava concentrada em um único canal, o Canal Brasil, que exibiu filmes brasileiros 844 vezes. Nos outros 14 canais, apenas 1,3% das exibições de filmes era de títulos brasileiros, apesar de que mesmo no difícil mercado de salas já chegamos perto de 10%
ISSO MUDARÁ COM A NOVA LEI DAS TVS POR ASSINATURA?
Essa é a idéia.

domingo, 10 de junho de 2012

a face do mal, por Alberto Dines

As confissões do ex-delegado do Dops capixaba Cláudio Guerra, no livro Memórias de uma Guerra Suja e em sua entrevista à TV Brasil, confessando os crimes que praticou a serviço da ditadura, nos empurram forçosamente para a medonha teoria da “banalidade do mal”, enunciada pela filósofa Hannah Arendt.

Enviada a Jerusalém em 1961 para cobrir o julgamento do nazista Adolf Eichmann, estrategista e gerente do Holocausto, impressionada pela frieza do burocrata da morte, Arendt formulou uma doutrina assustadora: o demônio não veste túnica vermelha, seu rosto não ostenta rictos, seus olhos não são arregalados – o demônio é gente como a gente. O demônio cumpre ordens, por mais sinistras que sejam. O demônio é um feixe de doutrinas hediondas que seres humanos absolutamente normais aceitam sem discutir.

Eichmann declarou-se inocente, mas as evidências de que cometeu todos os 15 crimes contra a humanidade de que era acusado levaram-no à forca. Executado há exatos 40 anos, em 1.º de junho de 1962.

Cláudio Guerra não foi sequestrado e levado contra a sua vontade a um tribunal. Procurou um jornalista de Vitória (Rogério Medeiros, que já o acusara por outros crimes) e, inspirado pela fé em Deus (agora é pastor na Assembleia de Deus), resolveu contar tudo. Apenas começou.

Não sabe quantos militantes de esquerda matou – tem lembrança de mais de 20; sabe o nome dos cadáveres barbaramente torturados que recebeu do DOI-Codi do Rio, de São Paulo, da Casa da Morte em Petrópolis, e que mandou cremar em uma usina de açúcar em Campos, norte fluminense.

Tem 71 anos, baixo, meio barrigudo, fala mansa, transpira muito, sofre de gota, diabete, problemas cardíacos. Não quer ser perdoado, não teme ser liquidado como o colega e antecessor Sérgio Fleury. Quer apenas ser recebido em paz pelo Senhor. Sabe muito mais do que revelou no livro e no depoimento televisivo. Mas só prestará contas à Comissão da Verdade: já começou a falar para o Ministério Público Federal e para a Polícia Federal. Confia que os outros agentes da repressão política animem-se a segui-lo.

A “irmandade” ainda não foi desfeita, garante; a formação desta corja é a contribuição brasileira à doutrina da banalidade do mal. A organização era militar, a participação civil foi decisiva. Além de policiais como ele, empresários, funcionários públicos, médicos, magistrados, jornalistas, entidades religiosas (TFP). A família proprietária da usina-crematório foi favorecida pelo governo, ganhou facilidades e retribuiu.

Fanatizados pelo anticomunismo, certos de que a distensão tocada pela dupla Geisel-Golbery levaria os subversivos ao poder, constituíram o que ficou conhecido como linha dura. Linha vale-tudo. Matar ou morrer.

Repete que nunca torturou. Acha a tortura abominável; quem torturava eram os militares. Admite, porém, que os encarregados de dar sumiço aos corpos estropiados eram os civis. Ele. Este convênio banal, pragmático, assustou Hannah Arendt. Deveria assustar-nos hoje, quatro décadas depois.

Às vezes passava mal depois de uma execução; em uma ocasião, um coronel levou-o ao Hospital da Aeronáutica no Rio porque estava com palpitações, dor no peito, parecia enfarte. Não tremia ao apertar o gatilho, só depois. Um psiquiatra, um psicanalista ou mesmo um sacerdote no confessionário teriam evitado muitas mortes – ele foi em frente. Normal.

Compensava: Eichmann iniciou-se como cabo, em 1934. Deu certo: oito anos depois, em 1942, assumiu a logística de um dos projetos mais importantes para o alto comando nazista, a Solução Final. Cláudio Guerra era oficial de Justiça no interior de Minas, cuidava de cumprir sentenças de reintegração de posse, tentaram matá-lo, a PM capixaba deu-lhe guarita, treinou-o, fez dele um atirador de elite.

Não é um episódio singular, acidente, obra do acaso. Cláudio Guerra é um caso corriqueiro de intoxicação psíquica. Trivial.


Alberto Dines é jornalista.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Emoções

Meus amigos. Hoje foi um dia de emoção. Primeiro com o filme "Violeta foi para o céu", sobre Violeta Parra, um dos ícones latino-americanos de minha geração. Uma mulher sofrida, genial, em busca de si mesmo e às voltas com as agruras desse mundo, as injustiças, a desesperança. E agora me emocionou demais uma mensagem de um grande  cineasta brasileiro que admiro muito. Na mensagem ele me diz que só agora viu meu filme "Vlado, trinta anos depois", sobre o jornalista Vladimir Herzog, meu amigo assassinado pela ditadura militar em 1975. O Walter Carvalho, Waltinho, como o chamamos, fez forte elogio ao filme e disse que foi às lágrimas. Isso me emocionou demais. "É um filme", pensei. "È bom saber filmar!"