sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A cebola Doida

Facebook 29\nov\13

O bom mesmo é ter amigos, não? Amigos se defendem, mesmo que tenham que distorcer ou relativizar "um pouco" os fatos, buscando fazer deles o que chamei de cebola doida. Cebola doida é aquela cujas "folhas" se contorcem, atravessam, se enrolam, de forma que fica impossível saber como desenrolar e como entender a lógica dessa estranha e saborosa planta. E quanto mais gente tentar e, principalmente, falar de seu entendimento ou desentendimento do estranho fenômeno, mas perdido fica quem tentar, de fato, entender. A cebola diz: mais forte que os fatos, -e as folhas-, são as versões.

E

BRASIL, UMA CEBOLA DOIDA. Cebola doida é aquela cujas "folhas" se contorcem, atravessam, se enrolam, de forma que fica impossível saber como desenrolar e como entender a lógica dessa estranha e saborosa planta. E quanto mais gente tentar e, principalmente, falar de seu entendimento ou desentendimento do estranho fenômeno, mas perdido fica quem tentar, de fato, entender. A cebola diz: mais forte que os fatos, -e as folhas-, são as versões. Assim, em volta do desentendimento dessa Cebola Doida, juntam-se padres e pastores, amigos e inimigos e até mesmo multidões de desentendimentos e nós de todos os tipos, em busca de alguma graça. Já que nenhuma graça serve a mais do que um dos contendores, a Cebola Doida cresce a cada dia, se alimentando dessa algaravia. A Cebola Doida vai se glorificando como o santo maior de nosso tempo midiático.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Elia Kazan

Publicado no Facebook 26\nov\2013

Elia Kazan, que cineasta! - vi pela manhã seu filme  Man on a Tightrope (br.: Os Saltimbancos) de 1953, em plena guerra fria. Apesar de seu anti-comunismo, é um belo filme, tenso e que expõe a visão de Kazan sobre o comunismo. Hoje é difícil tirar a razão de Kazan, sabendo do rumo equivocado e terrível seguido pelo socialismo nos países da esfera soviética, o chamado socialismo real: o proletarismo, o anti-intelectualismo, o estado policialesco tomado por um só partido, a transformação de críticos em inimigos. Chamo a atenção para o fato de que esse descaminho trágico, que hoje chamamos de stalinismo, não se deu somente nos países socialistas. Os partidos comunistas de quase todo o mundo eram cegos diante de todas as barbaridades feitas em nome do socialismo. E também perseguiam seus críticos, como inimigos do socialismo e "agentes do imperialismo". Setores da esquerda tem lutado, principalmente a partir das lições italianas (Gramsci, Togliati, etc), para escapar dessa lógica perversa e transformar o socialismo numa luta politica dentro dos sistemas democráticos, sem a pretensão de "tomar" o estado para um partido.



Publicado no FB 27Nov13:

  • José Edward Janczukowicz João Batista de Andrade parabéns por reconhecer o belo cinema do genial Elia Kazan. Ainda hoje comunistas cegos colocam Kazan no inferno, sem perceber a força dos seus filmes. A força dos seus temas. A habilidade como dirigia e a força que imprimia em cada plano. Fui um dos poucos que numa crítica falei a favor de um filme do Kazan. Nunca apoiei o que fez ao denunciar os colegas. Sempre julguei seus trabalhos, magníficos, mesmo num filme menor dele, de nome O Justiceiro, de 1947. Parabéns pela coragem, João Batista de Andrade! Obra é obra,. Atitude é atitude. E a do Kazan nunca foi totalmente explicada. Agora explicadas em parte com a sua ajuda`Chamo a atenção para o fato de que esse descaminho trágico, que hoje chamamos de stalinismo, não se deu somente nos países socialistas. Os partidos comunistas de quase todo o mundo eram cegos diante de todas as barbaridades feitas em nome do socialismo.
  • João Batista de Andrade É preciso separar as coisas. 
    Pense nisso: um leigo assiste o filme tal como é, sem saber nada do diretor.
    Nós sabemos, mas temos que nos render à genialidade dele. E até mesmo ver como seu anti-comunismo impregna seus próprios filmes, sem destruí-los.
  • João Batista de Andrade Ouso dizer ainda que seu anti-comunismo militante (denunciou colegas no processo do macartismo) lhe dava forças de militante e essa força passava para os filmes. Mas isso se dava submetido a uma força maior, apartidária, apolítica, que era sua criatividade, sua paixão pelas histórias, pelos dramas humanos. Veja em Zapata (Marlon Brando e Anthony Quinn geniais), paixão daqueles personagens em luta. Para compensar ele coloca um conselheiro intelectual terrível, manipulador, simulacro de esquerda maquiavélica.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Resenha CONFINADOS jornal de Uberlândia

Correio de Uberlândia, 22\nov\13

Confinados

*Por Rodrigo Francisco Dias
A trajetória de João Batista de Andrade é bastante interessante. Nascido na cidade mineira de Ituiutaba em 1939, Andrade vivenciou complexos momentos da recente história do Brasil, como o período da Ditadura Militar (1964-1985), por exemplo, tendo uma notável carreira como cineasta. Já como escritor, publicou sete livros até o presente momento, o último se chama “Confinados: memórias de um tempo sem saídas” (Ed. Prumo, 2013, 192 páginas).
A obra se ocupa da atual realidade de nosso país e acompanha as vidas de alguns personagens que vivem em uma grande cidade brasileira, explorando seus problemas, seus dramas, suas crises e sua incapacidade de encontrar um caminho seguro nestes tempos de tantas dificuldades. “Confinados” apresenta ao leitor uma instigante mistura de realidade e ficção, e, em várias passagens, é possível perceber pontos de contato entre a história de vida do autor do livro e as histórias de seus personagens, como a do velho arquiteto Júlio, um homem em crise que sofre com sua solidão.
A sensação de solidão, aliás, é elemento importantíssimo de “Confinados”. A cidade grande é o espaço da violência e do medo, o que faz com que os personagens tenham que se trancar em suas casas, permanecendo sozinhos e vendo as tragédias da guerra entre policiais e bandidos pela TV. É a partir desta situação de confinamento, desta solidão, que Andrade explora os complexos aspectos psicológicos de seus personagens e nos apresenta a sua visão acerca do Brasil contemporâneo.
João Batista de Andrade militou por anos no Partido Comunista Brasileiro (PCB), lutou contra o regime militar por meio de sua arte e sempre apresentou em suas produções um olhar crítico sobre os (des)caminhos trilhados pela sociedade brasileira. Nesta perspectiva, “Confinados” é interessante porque nos permite ver como um autor com tal trajetória de vida interpreta o atual estado de coisas no nosso país. A pergunta feita por Andrade em seu livro, portanto, diz respeito tanto ao personagem Júlio quanto ao próprio autor: “Como falar do desconforto enorme, diante dos desafios e surpresas do mundo atual, depois do fim de suas utopias, depois de tantas lutas e esperanças que carregara desde a juventude?”.
Tal questionamento é importante, pois nos remete a todos aqueles que não conseguem encontrar no tempo presente a realização de projetos e sonhos do passado, mas apenas uma cruel e violenta realidade, um mundo no qual confinados estamos todos nós.
* Rodrigo Francisco Dias é mestrando em História pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), professor da Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia-MG) e integrante do Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura (Nehac). E-mail: dias.rodrigof@gmail.com

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Arte e Vida

Postado no FB em 20Nov13

a- em minha página
Bom dia a todos.
Tenho tentado escrever meu quinto romance e não consigo.
Os personagens de "Confinados" ainda povoam minha imaginação.
Tudo tem seu tempo, toda dor, todo desejo, todo amor.
Ando pensando muito nisso, no tempo, na memória. 
Perto de meus 74 anos, bem perto, acho que as lembranças se amontoam em meus sonhos, - são tantas, quase me levam à loucura.
E muita gente sonha com a ampliação contínua dos tempos de vida, - até mesmo com a imortalidade.
Em meu filme "O cego que gritava luz" o personagem principal (Tonico Pereira), já bem velho e perturbado com as lembranças de tantos erros na vida, diz que a cada instante vamos acumulando nós de desafios não resolvidos, erros, frustrações, como um rabo a cada instante maior e mais difícil de arrastar...
Claro, eu fiz esse filme em 2005,depois de ficar 8 anos sem filmar por causa do plano Collor. Nesses oito anos vivi auto-exilado no Brasil central, tentando esquecer do passado, das perdas, - principalmente a perda da esperança e do futuro.
A volta ao cinema foi a volta de minha vida, seguindo os rastros de minha memória, a busca de recompor a ligação com meus filhos e com o próprio cinema.
Fui aprisionado de novo pelos sonhos.
E aqui estou eu, um pouco angustiado, arrastando meu imenso rabo, esperando o dia dos meus 74 anos.


COMENTÁRIOS:


b) na página do grupo CONFINADOS
Para que serve a arte, para que serve um livro?
Amanheci tomado ainda pelas perturbações de sonhos, a memória efervescente atirando passagens de minha longa vida. Os personagens de "Confinados" ainda me pedem soluções, caminhos, parecem pessoas comuns de meu cotidiano. Embora eu os tenha criado, eles são, na verdade, criações do mundo a partir de minha vivência em sociedade. Por isso sempre que penso que são meus eles se rebelam, não, não são meus, são da humanidade. 
Não sei por que, saio da cama cantarolando Caiymmi, "no abaeté tem uma lagoa escura, arrodeada de areia branca; de manhã cedo quando a lavadeira passa bem perto do abaeté, vai se benzendo por que diz que ouve, ouve a zoada do baucajé...". Eu me entusiasmo com minha própria voz grave, imito Caymmi. E percebo o que é essa "lagoa escura arrodeada de areia branca" em minha vida. Isso me leva para outros pensamentos, a reflexão do que fazem os artistas, de como são importantes para nos ajudar a enfrentar os enigmas da vida.

domingo, 17 de novembro de 2013

O PT e a democracia

Postados dia 17 Nov 2013

  • O PT assumiu o governo como se tomasse o Estado. Transformou os adversários em inimigos, pousou de quem reinventa o país partindo do zero, compôs sua base aliada como se viu. O PT agiu como um partido religioso, fanático como verdadeiras torcidas de futebol, permitiu e usou campanhas difamatórias, dossiês falsos, sempre na esteira de que os adversários são inimigos. Usou e abusou, no poder, da técnica ditatorial ( de esquerda e de direita) de que quem está contra o governo está contra a nação.
  • João Batista de Andrade Acho que basta. Para compensar, é um partido de esquerda, apesar de se colocar como um velho partido de esquerda, de antes de 1968. Tomara que reencontre seu rumo, sua modernidade em conformidade com a democracia transparente, justa e pacífica que todos queremos. Não há dúvidas, o PT é um partido indispensável e sua atualização faria um bem enorme ao país.

sábado, 16 de novembro de 2013

15 NOV 2013- prisão dos condenados do PT

Postado no FB dia 16Nov13

Passei o dia refletindo sobre os acontecimentos de ontem e hoje. Ainda tenho dificuldade em analisar o que está acontecendo. Tenho uma tendência crítica, nada mais, - e tenho evitado endossar acusações de lado a lado; somos um mar de acusações e falsos dossiês, a verdade nunca está nesse cardume de sardinhas. E sei que nada acabou, como muitos esperam. Vivemos uma novela comprida, cheia de lances inesperados. Tomara que isso sirva para amadurecer nossa democracia. Para comemorar, o fato de que as instituições parecem agora obrigadas a funcionar, gostemos ou não dos resultados.