Tomei hoje uma decisão difícil para mim: me desliguei do PPS. Eu estava filiado a esse partido que surgiu, como sucessor do velho partidão, o PCB, de que fui militante desde estudante ( 1963) e dirigente na clandestinidade, durante a ditadura militar. Ser "partido" faz parte, portanto de minha forma de ser, de minha disciplina militante. Mas isso foi perdendo sentido, com o tempo, com a volta da democracia. Não quero criticar o PPS, tenho lá muitos amigos e admiro muito o Roberto Freire, grande líder nacional, uma referência. Eu o conheci em sua candidatura a presidência, que apoiei, já que ele representava o sonho de minha geração de comunistas: um partido não golpista, fazendo política não na clandestinidade, mas à luz do dia. Foi uma campanha memorável, nós todos sentimos que haveria espaço para uma esquerda reformista e ddemocrática no Brasil. Isso estava ensaiado na tentativa de refazer o partido (ainda PCB) no final dos anos 70, ainda antes da anistia e logo ddepois do assassinato de Vlado (Vladimir Herzog) e de Manoel Fiel Filho, ambos ligados ao partido. Nessa época, sob a liderança de intelectuais como Gildo Marçal Brandão, Davi Capistrano (eu participei, fui dirigente na clandestinidade)tentamos recriar opartido como um partido aberto para a política, um partido não golpista, não autoritário. Esse sonho, que caminhava bem, se desfez justamente com a anistia, a volta dos velhos líderes comunistas. Com excessões valiosas, como Armênio Guedes, Marco Antonio Coelho, esses dirigentes nos trataram como traidores, anti-soviéticos ( pois fazíamos críticas ao "socialismo real" e à chamada "ditadura do proletariaddo"). O PPS sucedeu o partidão, que, a partir daí não tinha mais espaço na socieddade brasileira sob a democracia.
Me desliguei agora, não vejo mais sentido nessa militãncia. Como já disse aqui mesmo nesse blog, é difícil para artistas e intelectuais militarem em partidos políticos na democracia. Nós não somos nada dentro da lógica partidária, nada mesmo.
Quero me manter como amigo, ajudar, apoiar e esperar apoios, mas agora ccomo independdente.
É uma decisão difícil, mexe com praticamente 50 anos de minha vida.
2 comentários:
(minha resposta a um comentário do Claudio vitorino, membro do diretorio nacional do PPS)
Pois é Claudio Vitorino,
independentemente de concordar ou não com vc, relembro que também saiu do partido o Silvio Tendler, o Vladimir Carvalho, a gente nunca sabe se tá ou se num tá, ja que nessas eleições passadas fez campanha para a Érika do PT, e por aí vai. Certamente, deve ter saido outros cineastas e gentes que lidam com a cultura e que no momento não me recordo.
Mas o fato é que, vamos falar sério, o PPS não tem identidade com a cultura em geral, com o cinema então nem se fala.
E por mais que eu pessoalmente tenha tentado colocar esse assunto nos debates, nas dicussões e no dia a dia do PPS, a gente só encontra a frieza, a indiferença e aquelas velhas palavras dos que dizem "podem contar comigo", mas que nada fazem, e a bem da verdade nem se interessam por esse assunto. E logo espalham que a gente tem é que se virar e as vezes nos trata como pedintes e mendigos.
Triste! Muito triste!
Em congresso passado coloquei em debate e como diretriz partidária a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DA DIVERSIDADE CULTURAL, um assunto emergente, super urgente e super importante. Mais tarde trouxe o Geraldo Moraes para falar sobre eese tema dentro do partido e la compareceram 3 ou 4 pessoas filiados. Desculpem a expressão, mas é foda!
Portanto, se amanhã ou depois sair mais gente do PPS ligado a cultura, quem sabe se não será muito tarde para se lembrar do quanto o antigo PCB gostava e respeitava os seus artístas e o quanto era comprometido com a cultura popular e erudita.
O partidão sempre foi grandioso porque entendia que pra ser artísta era preciso ser grande, até maior e inclusive estar acima de partidos. Era por isso que o PCB cuidava e respeitava seus os artístas e era também por isso que os artístas vinham para PCB, e vinham pra ficar.
Mas, sei lá... tem dia que de noite é foda!
vamos em frente!
Pedro lacerda
João Batista, estou nessa linha, tbem. Acho que não faz mais sentido estar atrelado aos partidos. Ainda não decidi. Estou refletindo acerca do PPS e de suas posições - próximas ao PSDB - que não concordo tanto assim. Queria ver o Partido, sua história e tradição, trabalhando em um outro projeto político. Nomes, claro que temos, é só batalhar. Vou esperar mais um pouquinho, quero, antes de tudo, falar com o Freire, se possível. Em determinado momento, achei que o Roberto defendia mais FHC do que os tucanos e, não concordo com isso! É apenas uma questão para ilustrar essa falta de projeto que o PPS não quer liderar, protagonizar! Sinto pela sua desfiliação. Vai fazer falta, pode crer! Mas, vou me empenhar em um outro caminho... Pesquisar a memória da militância do Partidão e seus personagens, penso em Moacir Longo, Negri, Sara... Eu que tive a oportunidade rara, para mim, de participar de uma reunião da Direção Estadual do PPS com o Malina, imagina a minha gratidão aos comunas! Quero retribuir, talvez não mais na militância político-partidária, mas, na cultura comunista. Enfim. Um abraço.
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