quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

desligamento do PPS

Tomei hoje uma decisão difícil para mim: me desliguei do PPS. Eu estava filiado a esse partido que surgiu, como sucessor do velho partidão, o PCB, de que fui militante desde estudante ( 1963) e dirigente na clandestinidade, durante a ditadura militar. Ser "partido" faz parte, portanto de minha forma de ser, de minha disciplina militante. Mas isso foi perdendo sentido, com o tempo, com a volta da democracia. Não quero criticar o PPS, tenho lá muitos amigos e admiro muito o Roberto Freire, grande líder nacional, uma referência. Eu o conheci em sua candidatura a presidência, que apoiei, já que ele representava o sonho de minha geração de comunistas: um partido não golpista, fazendo política não na clandestinidade, mas à luz do dia. Foi uma campanha memorável, nós todos sentimos que haveria espaço para uma esquerda reformista e ddemocrática no Brasil. Isso estava ensaiado na tentativa de refazer o partido (ainda PCB) no final dos anos 70, ainda antes da anistia e logo ddepois do assassinato de Vlado (Vladimir Herzog) e de Manoel Fiel Filho, ambos ligados ao partido. Nessa época, sob a liderança de intelectuais como Gildo Marçal Brandão, Davi Capistrano (eu participei, fui dirigente na clandestinidade)tentamos recriar opartido como um partido aberto para a política, um partido não golpista, não autoritário. Esse sonho, que caminhava bem, se desfez justamente com a anistia, a volta dos velhos líderes comunistas. Com excessões valiosas, como Armênio Guedes, Marco Antonio Coelho, esses dirigentes nos trataram como traidores, anti-soviéticos ( pois fazíamos críticas ao "socialismo real" e à chamada "ditadura do proletariaddo"). O PPS sucedeu o partidão, que, a partir daí não tinha mais espaço na socieddade brasileira sob a democracia.
Me desliguei agora, não vejo mais sentido nessa militãncia. Como já disse aqui mesmo nesse blog, é difícil para artistas e intelectuais militarem em partidos políticos na democracia. Nós não somos nada dentro da lógica partidária, nada mesmo.
Quero me manter como amigo, ajudar, apoiar e esperar apoios, mas agora ccomo independdente.
É uma decisão difícil, mexe com praticamente 50 anos de minha vida.

2 comentários:

Anônimo disse...

(minha resposta a um comentário do Claudio vitorino, membro do diretorio nacional do PPS)

Pois é Claudio Vitorino,

independentemente de concordar ou não com vc, relembro que também saiu do partido o Silvio Tendler, o Vladimir Carvalho, a gente nunca sabe se tá ou se num tá, ja que nessas eleições passadas fez campanha para a Érika do PT, e por aí vai. Certamente, deve ter saido outros cineastas e gentes que lidam com a cultura e que no momento não me recordo.

Mas o fato é que, vamos falar sério, o PPS não tem identidade com a cultura em geral, com o cinema então nem se fala.

E por mais que eu pessoalmente tenha tentado colocar esse assunto nos debates, nas dicussões e no dia a dia do PPS, a gente só encontra a frieza, a indiferença e aquelas velhas palavras dos que dizem "podem contar comigo", mas que nada fazem, e a bem da verdade nem se interessam por esse assunto. E logo espalham que a gente tem é que se virar e as vezes nos trata como pedintes e mendigos.

Triste! Muito triste!

Em congresso passado coloquei em debate e como diretriz partidária a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DA DIVERSIDADE CULTURAL, um assunto emergente, super urgente e super importante. Mais tarde trouxe o Geraldo Moraes para falar sobre eese tema dentro do partido e la compareceram 3 ou 4 pessoas filiados. Desculpem a expressão, mas é foda!

Portanto, se amanhã ou depois sair mais gente do PPS ligado a cultura, quem sabe se não será muito tarde para se lembrar do quanto o antigo PCB gostava e respeitava os seus artístas e o quanto era comprometido com a cultura popular e erudita.

O partidão sempre foi grandioso porque entendia que pra ser artísta era preciso ser grande, até maior e inclusive estar acima de partidos. Era por isso que o PCB cuidava e respeitava seus os artístas e era também por isso que os artístas vinham para PCB, e vinham pra ficar.

Mas, sei lá... tem dia que de noite é foda!

vamos em frente!

Pedro lacerda

Fernando Nogueira disse...

João Batista, estou nessa linha, tbem. Acho que não faz mais sentido estar atrelado aos partidos. Ainda não decidi. Estou refletindo acerca do PPS e de suas posições - próximas ao PSDB - que não concordo tanto assim. Queria ver o Partido, sua história e tradição, trabalhando em um outro projeto político. Nomes, claro que temos, é só batalhar. Vou esperar mais um pouquinho, quero, antes de tudo, falar com o Freire, se possível. Em determinado momento, achei que o Roberto defendia mais FHC do que os tucanos e, não concordo com isso! É apenas uma questão para ilustrar essa falta de projeto que o PPS não quer liderar, protagonizar! Sinto pela sua desfiliação. Vai fazer falta, pode crer! Mas, vou me empenhar em um outro caminho... Pesquisar a memória da militância do Partidão e seus personagens, penso em Moacir Longo, Negri, Sara... Eu que tive a oportunidade rara, para mim, de participar de uma reunião da Direção Estadual do PPS com o Malina, imagina a minha gratidão aos comunas! Quero retribuir, talvez não mais na militância político-partidária, mas, na cultura comunista. Enfim. Um abraço.