quarta-feira, 3 de junho de 2015

A atualidade do filme O TRONCO

FB, 03Jun 2015

A ATUALIDADE DO FILME "O TRONCO"
No filme "O tronco" (1998), adaptação do romance de Bernardo Élis, eu tinha uma visão bem política da história. E atual. Uma visão da fragilidade da esquerda e o perigo das alianças. Na história (início do século XX no Brasil Central), o coletor Vicente Lemes (Angelo Antônio) é um tipo idealista, com senso de justiça e crítico da violência dos coronéis. O governo goiano está nas mãos dos coronéis do sul, adversários/inimigos dos coronéis do norte (hoje Tocantins). Espertos, os governantes enviam Vicente para controlar os inimigos do norte, justamente ele que é parente daqueles coronéis. Vicente tenta impor a lei, contrariando seus parente. Vicente é apaixonado pela prima, Anastácia (Letícia Sabatella) filha do maior coronel da região, Pedro Lemes (Rolando Boldrin). Mesmo tentando agir dentro da lei, é atacado e perde, com a sua Coletoria incendiada. Derrotado, volta para a capital (Vilaboa, hoje Cidade de Goiás) buscando ajuda. O Governo dá a ele o apoio fatal: uma tropa militar comandada pelo terrível e maquiavélico Juiz Carvalho (Antonio Fagundes). A tropa age com grande violência, matando indiscriminadamente, deixando Vicente como coadjuvante de uma guerra que incendeia o cerrado goiano. O Coronel Pedro Melo é assassinado depois de se entregar. Temendo o assalto pelo exército de jagunços, os soldados prendem membros da família do Coronel Pedro Melo, familiares também de Vicente, num velho tronco de amarrar escravos. E os vai matando, tentando, inutilmente barrar o ataque dos jagunços. O Juiz Carvalho foge de madrugada, deixando a região nas mãos do terrível soldado Catulino (Chico Dias), com seus soldados apavorados e dispostos a tudo. Vicente sente que ficou nas mãos daqueles que deveriam ajudá-lo. E sente que sua ingenuidade serviu para alimentar toda a quela inaudita violência. Sua fragilidade diante de uma aliança mortal.

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