domingo, 22 de junho de 2014

Jovens na Rua

FB 22Jun2014

Jovens nas ruas

Reclame quem quiser, mas a adesão de jovens à política se dá ali mesmo no final da adolescência, quando o futuro passa a ser considerado. E é uma participação que lembra as relações conflituosas com os próprios pais. É uma fase importante e às vezes destrambelhada, mas formadora, questionadora. Dali sairão os novos líderes e não da passividade que todo governante aprecia. E enganam-se os que correm a classificar a que classe social pertencem. Como se pertencer a uma abstração como "classe média" ( que se torna concreta apenas nos interesses do mercado), determinaria seu comportamento. Isso nos autorizaria a dizer que todos os burgueses seriam reacionários e todos os operários revolucionários, grande balela, simplificação absurda. Não vejo esse tipo de juventude aguerrida desde 1968, retomando a vibração pré-64. Ou, quem sabe, na queda de Collor. Os políticos de agora, tal como os pais, não sabem o que fazer com essa novidade. Mas o certo é que todas essas manifestações tem revelado essa nova juventude e sua inquietação quanto ao país em que deverão viver como adultos.



  • Aurelio Michiles Que tal dar uma re-espiada no primoroso e ruidoso filme "Laranja Mecânica" Stanley Kubrick ?
  • Frank Ferreira · 34 amigos em comum

    www.imdb.com
    Directed by Lindsay Anderson. With Malcolm McDowell, David Wood, Richard Warwick... Ver mais
  • Maria Teresa Scandell Rocco Eu sou um exemplo desta construção teórica.
  • Claudio Guedes Excelente João Batista de Andrade, você escreveu com a experiência de um ótimo político e a alma de um grande artista! Beleza! Veja,Julia Guedes é sobre vocês ... os jovens, o futuro!
  • Ines H Deandrade Dizer que os jovens estão certos por serem jovens e um pouco simples demais, não? Acho que e um pouco mais complexo do que isso.
  • Ines H Deandrade Creio que a reclamação não e pela manifestação dos jovens. E pela falta de coerência e pela violência em alguns casos. Alias, na maioria, infelizmente.
  • Bete Mendes Agradeço suas ponderações, querido amigo, e concordo essencialmente com elas, acho que é um alerta que deveria ser respeitado já, pois estamos em momento eleitoral, e não percebi esta questão ser abordada por ninguém, a não ser retoricamente
  • Ines H Deandrade Impossível não generalizar. Quando fala-se em classe media, elite ou operariado fala-se muito mais do que de classes sociais. Fala-se em mentalidade. Da mesma forma, quando fala-se em jovens, referimo-nos a novas forças questionadoras e transformadoras...Ver mais
  • Reginaldo A de Paiva Em termos, Batista. De quando eramos jovens e saíamos às ruas, temos que lembrar que também haviam grupos de jovens, como o pessoal do Clace (Centro Latino Americano de Coordenação Estudantil), financiado pela CIA (não é paranóia política, bebiam da mesma fonte do IBADE), o CCC que promoveu a "guerra da Maria Antonia e outros. Quando das jornadas de junho vi uma frase escrita em um muro da Sé onde se lia "todo o poder aos sovietes, pula a catraca". É, claramente, uma referencia anarquista. A imprensa ocidental, no tempo da guerra fria, teve interesse em identificar os sovietes com os bolcheviques; ainda hoje há que insista nesta ligação - Veja, o philosopho Pondé, que acusam o governo brasileiro de ser uma republica soviética. Nâo sei até onde se poderia considerar os black blocs como um agrupamento anarquista, acho que há muito de "agentes provocadores" em meio aos manifestantes.
  • João Batista de Andrade Reginaldo, não estou falando de Black Blocs. E nem dizendo que eles tem razão. POSSO DIZER QUE PROCURAM ESSA RAZÃO. Estou falando da juventude que vai às ruas e que entortou nossos pensamentos desde junho de 2013. Infiltrações sempre existiram e vão existir. Não devemos simplificar a análise da insatisfação com esses delitos. E reafirmo: que gostemos ou não, pouco importa. Manifestações dos jovens são um fato, com toda sua imaturidade e inquietação.
    • João Batista de Andrade Que fique claro, a frase POSSO DIZER QUE ELES BUSCAM ESSA RAZÃO diz respeito à juventude que vai às ruas e não aos BlacBlocks, que não sei quem são. .
    • João Batista de Andrade Em meu tempo de politica universitária, lidamos bem com esses grupos infiltrados. Inclusive denunciamos esse tal CLACE, organização latino-americana de juventude da CIA. (Centro Latino-americano de Coordenação Estudantil, acho eu). Quanto ao IBAD ( não tem o "e" no final) INSTITUTO BRASILEIRO DE AÇÃO DEMOCRÁTICA, uma instituição ilegal mas que funcionava abertamente distribuindo publicações entre empresários e corrompendo parlamentares na preparação do golpe de 64. VEJAM ISSO EM MEU FILME DE 1967, o " LIBERDADE DE IMPRENSA" ( proibido pelos militares)

      • Reginaldo A de Paiva O que quero dizer João, é que tenho notado nas manifestações uma absoluta falta de definição política. Me parece muito uma espécie de "geleia geral" de questionamentos sem muita "organicidade". Parece-me indicar uma retomada do processo de "redemocratização pós-ditadura". Todas as ditaduras de "direita" do século XX terminaram com a ascensão de partidos sociais-democratas ao poder, com exceção do Brasil, onde o poder passou a ser disputado por dois partidos de perfil social-democrático que se tornaram mais e mais inimigos ferozes. Se não me engano, foi de Florestan Fernandes a expressão "transição transada" a forma pela qual as correntes políticas que sustentaram a ditadura "deram a volta por cima" e continuaram no poder, aparentemente à sombra, mas ainda na linha de frente. Ainda continuamos sob o manto do AI-2, com dois partidos, o da situação e o da oposição. A cada dia mais me parece que a candidatura do Aécio é, por exemplo, na verdade, candidatura do DEM que, habilmente, comanda o processo de chegar ao "poder sem voto". Uma dolorosa coincidência, ler que o primeiro ministro francês - Manuel Valls - dizer que o resultado das eleições francesas, com um violento crescimento da fascista Frente Nacional foi "um terremoto" e ouvir o Aécio dizer que um "tsunami" varrerá o PT do poder. Conseguiu-se, no Brasil, com a ajuda dos amigos e inimigos disseminar-se um conceito de que "esquerda é o PT" e que esquerda é o mal. Quando li que o Eduardo Campos pretendia mudar o estatuto do PSB - o mais antigo e coerente partido social-democrata do país - percebi que o discurso bipolar da guerra fria "liberdade versus escravidão" estava de volta. Acho que a turma das manifestações estão recusando esta visão maniqueísta, sem, no entanto, dizer para onde querem ir (talvez eles também não saibam).
      • João Batista de Andrade Fazer propostas nunca foi tarefa das massas e dos manifestantes. A sociedade é complexa e funciona por incômodos que empurram os intelectuais, os líderes, as representações em busca de saídas e projetos. A tríade "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" e a Declaração dos Direitos do Homem não foram formulados nas ruas mas significaram uma resposta às ruas. Eleições são complicadas, alianças tortas que nem sempre significarão coisa importante no futuro. Não dá para avaliar o futuro a partir dessas verdadeiras jogadas de mestres eleitoreiros.

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